Pular para o conteúdo principal

TAM e Gol: lucratividade das maiores do mundo

Margens de ganho das empresas estão entre as mais expressivas do mundo. Mas resultados caíram com a crise

Felipe Frisch – O Globo

As margens de lucro das principais empresas de aviação brasileiras estão hoje entre as maiores do setor, na comparação com empresas estrangeiras. Segundo dados dos balanços mais recentes – do primeiro trimestre deste ano -, no padrão contábil usado nos EUA, a Gol ocupa a terceira colocação entre as margens líquidas de companhias que operam no conceito "baixo custo, baixa tarifa", com 12,7%. A margem líquida da TAM é de 7,5%, pelo mesmo padrão americano.

A irrupção da crise aérea, em 2006, e a tentativa da Varig de recuperar mercado ano passado, após sua quebra, fizeram as empresas entrarem numa guerra de tarifas para conquistar mercado, avalia o analista de aviação da corretora Fator, Eduardo Puzziello. Apesar da boa colocação no ranking estrangeiro, o resultado foi uma substancial queda nas margens líquidas pelo padrão contábil brasileiro.

No primeiro trimestre deste ano, a TAM teve margem líquida de 3,2%, contra 7,6% em 2006. Mas o patamar ainda se iguala aos 3,3% de 2005, antes da crise.

Por esse padrão brasileiro, a margem líquida chegou a 18% no caso da Gol em 2006 - com o ganho de mercado que era da Varig -, mas caiu para 8,8% no primeiro trimestre de 2007. Em 2005, eram 15,9%.

A margem líquida é o quociente entre o lucro líquido e a receita líquida, ou seja, a lucratividade de uma empresa após o pagamento de impostos.

Os números das empresas pelo padrão americano constam de apresentações recentes das próprias companhias brasileiras para investidores. Apesar de oficialmente apenas a Gol atuar no mercado de "baixo custo, baixa tarifa", a TAM às vezes também se compara a esse segmento. Um dos motivos para esse enquadramento da TAM é a dificuldade dos estrangeiros para comparar a companhia a outras de custo elevado e à Gol, explica uma analista. Empresas tradicionais, como United Airlines e American Airlines, teriam margens ainda menores.

Com a perda de mercado da Varig - apesar dos prejuízos para as margens - os lucros líquidos de TAM e Gol se multiplicaram. A TAM passou de R$187 milhões, em 2005, para R$556 milhões, em 2006, ganho de 197%. Já o lucro da Gol subiu 61%, de R$424 milhões para R$684 milhões.

A analista de aviação do Banco Brascan, Mel Marques Fernandes, diz que ainda é cedo para avaliar o impacto das medidas anunciadas pelo governo nos vôos e nos balanços. As medidas concretas ainda dependem da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que tem 60 dias para implementá-las.

O vice-presidente de Finanças da TAM, Líbano Barroso, disse ontem que cerca de 10% da receita da companhia vêm da ponte aérea Rio-São Paulo, e outros 25% são vôos de negócios em geral.

Mel acredita o foco da empresa em viagens executivas, diferentemente da Gol, pode diminuir o impacto da transferência de vôos para Guarulhos. A Gol disse que está em período de silêncio por estar às vésperas da divulgação de resultados.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Avião da TAM retorna após decolagem

Jornal do Commercio SÃO PAULO – Um avião da TAM, que partiu de Nova Iorque em direção a São Paulo na noite de anteontem, teve que retornar ao aeroporto de origem devido a uma falha. Segundo a TAM, o voo JJ 8081, com 196 passageiros a bordo, teve que voltar para Nova Iorque devido a uma indicação, no painel, de mau funcionamento de um dos flaps (comandos localizados nas asas) da aeronave. De acordo com a TAM, o avião passou por manutenção corretiva e o voo foi retomado à 1h28 de ontem, com pouso normal em Guarulhos (SP) às 10h38 (horário de Brasília). O voo era previsto para chegar às 6h45. A companhia também informou que seu sistema de check-in nos aeroportos ficou fora do ar na manhã de ontem, provocando atrasos em 40% dos voos. O problema foi corrigido.

Empresa dona de helicóptero que transportava Boechat não podia fazer táxi aéreo e já havia sido multada por atividade irregular, diz Anac

Agência diz que aeronave só podia prestar serviços de reportagem aérea e qualquer outra atividade não poderia ser realizada. Multa foi de R$ 8 mil. Anac abriu investigação. Por  G1 SP A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) afirmou que o helicóptero que caiu na Rodovia Anhanguera no início da tarde desta segunda-feira (11), em que o jornalista Ricardo Boechat e o piloto Ronaldo Quattrucci morreram, não podia fazer táxi aéreo, mas sim prestar serviços de reportagem aérea. Ainda segundo a Anac, a empresa foi multada, em 2011, por atividade irregular. Helicóptero prefixo PT-HPG que se acidentou na Anhanguera — Foto: Matheus Herrera/Arquivo pessoal "A empresa RQ Serviços Aéreos Ltda foi autuada, em 2011, por veicular propaganda oferecendo o serviço de voos panorâmicos em aeronave e por meio de empresa não certificada para a atividade. Essa atividade só pode ser executada por empresas e aeronaves certificadas na modalidade táxi aéreo. A autuação foi definida em R$ 8 mil

A saga das mulheres para comandar um avião comercial

Licenças concedidas a mulheres teêm crescido nos últimos anos, mas ainda a passos lentos. Dificuldades para ingressar neste mercado vão do alto custo da formação ao machismo estrutural Beatriz Jucá | El País Quando Jaqueline Ortolan Arraval, 50 anos, fez a primeira aula experimental de voo, foi mais por curiosidade do que por qualquer pretensão de virar piloto de avião. Era início dos anos 1990 e pouco se via mulheres comandando grandes aeronaves comerciais no Brasil. "Eu achava que não era uma profissão pra mim", conta. Ela trabalhava no setor processual em terra de uma grande companhia aérea, e o contato constante com colegas que estudavam aviação lhe provocaram certo fascínio. Perguntava tanto sobre a experiência de voo que um dia um amigo lhe convidou para acompanhá-lo em uma das aulas. A curiosidade do início se tornou um sonho profissional, e Jaqueline passou a frequentar aeroclubes e trabalhar incessantemente para conseguir pagar as caras aulas de aviação e acumul