Pular para o conteúdo principal

No dia da posse de Jobim, TCU aprova devassa aérea

Reunido em sessão plenária no mesmo instante em que Lula dava posse ao novo ministro da Defesa, Nelson Jobim, o TCU aprovou a realização de uma devassa no setor aéreo. A auditoria alcançará das deficiências do controle de tráfego aéreo à desarticulação entre os órgãos públicos incumbidos de gerir o setor aeroportuário.

Decidiu-se incluir também na mega-auditoria auditoria do Tribunal de Contas da União uma avaliação da reforma na pista principal do aeroporto de Congonhas. Foi liberada para pousos e decolagens em 29 de junho. Encontra-se interditada desde 17 de julho, dia do acidente com o Airbus da TAM.

A inspeção do tribunal terá como ponto de partida o resultado das investigações que estão sendo feitas pela Polícia Federal e pela Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos). Só nesta quarta-feira (25) – nove dias depois do acidente —, começaram a ser abertas as ranhuras que compõem o sistema de drenagem da pista.

Em empossar Jobim, o próprio Lula reconheceu a desconexão entre os órgãos que compõem o setor aéreo. “[...] Precisamos aproveitar o momento para fazer com que tenham uma única cabeça pensante, que decida.” Depois, em sua primeira entrevista como ministro, Jobim diagnosticou falta de comando. Disse que, doravante, é o ministro quem vai mandar”.

Simultaneamente à tentativa de Jobim de impor sua autoridade, os técnicos do TCU estarão inspecionando os seguintes órgãos: Ministério da Defesa; Comando da Aeronáutica; Conac (Conselho Nacional de Aviação Civil); Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo); Anac (Agência Nacional de Aviação Civil); e Infraero.

O objetivo, segundo o texto aprovado pelo plenário do TCU, “é verificar de que maneira possíveis falhas relacionadas a questões de planejamento, coordenação e articulação, no âmbito das instituições envolvidas no gerenciamento e regulação do sistema aéreo no Brasil, poderiam estar repercutindo de maneira negativa na segurança dos aeroportos.”

Entre os tópicos que serão investigados está a composição da malha viária. Deseja-se verificar por que as decisões governamentais permitiram que as companhias aéreas sobrecarregassem determinados aeroportos, como Congonhas, e mantivessem subutilizados muitos outros, como o de Viracopos (Campinas). Suspeita-se que o governo tenha cedido aos interesses das empresas, em detrimento da segurança dos pousos e decolagens.

No momento, o TCU já realiza uma auditoria na estrutura de controle de tráfego aéreo. O relator é o ministro Benjamin Zymler. Os novos procedimentos serão incorporados a essa auditoria. O aumento do escopo da investigação foi aprovado pelo tribunal por sugestão do ministro Augusto Nardes. O mesmo ministro que apontara, em relatório aprovado em dezembro de 2006, o bloqueio de verbas públicas como uma das causas do caos aéreo.

Pelas contas do tribunal, expostas no relatório de Nardes, a tesoura do Ministério da Fazenda podara, em três anos, R$ 522 milhões que deveriam ter sido aplicados no setor aéreo. O texto aprovado nesta quarta-feira pelo tribunal anota:

“A escassez de investimentos em infra-estrutura aeroportuária, aliada à necessidade de ampliação e modernização dos aeroportos, além da imperiosa urgência de renovação e aquisição de equipamentos e sistemas informatizados atinentes ao controle do tráfego aéreo, são fatores que, certamente, contribuíram para a evolução da crise a um estágio que considero inaceitável”.

Escrito por Josias de Souza

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Avião da TAM retorna após decolagem

Jornal do Commercio SÃO PAULO – Um avião da TAM, que partiu de Nova Iorque em direção a São Paulo na noite de anteontem, teve que retornar ao aeroporto de origem devido a uma falha. Segundo a TAM, o voo JJ 8081, com 196 passageiros a bordo, teve que voltar para Nova Iorque devido a uma indicação, no painel, de mau funcionamento de um dos flaps (comandos localizados nas asas) da aeronave. De acordo com a TAM, o avião passou por manutenção corretiva e o voo foi retomado à 1h28 de ontem, com pouso normal em Guarulhos (SP) às 10h38 (horário de Brasília). O voo era previsto para chegar às 6h45. A companhia também informou que seu sistema de check-in nos aeroportos ficou fora do ar na manhã de ontem, provocando atrasos em 40% dos voos. O problema foi corrigido.

Empresa dona de helicóptero que transportava Boechat não podia fazer táxi aéreo e já havia sido multada por atividade irregular, diz Anac

Agência diz que aeronave só podia prestar serviços de reportagem aérea e qualquer outra atividade não poderia ser realizada. Multa foi de R$ 8 mil. Anac abriu investigação. Por  G1 SP A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) afirmou que o helicóptero que caiu na Rodovia Anhanguera no início da tarde desta segunda-feira (11), em que o jornalista Ricardo Boechat e o piloto Ronaldo Quattrucci morreram, não podia fazer táxi aéreo, mas sim prestar serviços de reportagem aérea. Ainda segundo a Anac, a empresa foi multada, em 2011, por atividade irregular. Helicóptero prefixo PT-HPG que se acidentou na Anhanguera — Foto: Matheus Herrera/Arquivo pessoal "A empresa RQ Serviços Aéreos Ltda foi autuada, em 2011, por veicular propaganda oferecendo o serviço de voos panorâmicos em aeronave e por meio de empresa não certificada para a atividade. Essa atividade só pode ser executada por empresas e aeronaves certificadas na modalidade táxi aéreo. A autuação foi definida em R$ 8 mil

A saga das mulheres para comandar um avião comercial

Licenças concedidas a mulheres teêm crescido nos últimos anos, mas ainda a passos lentos. Dificuldades para ingressar neste mercado vão do alto custo da formação ao machismo estrutural Beatriz Jucá | El País Quando Jaqueline Ortolan Arraval, 50 anos, fez a primeira aula experimental de voo, foi mais por curiosidade do que por qualquer pretensão de virar piloto de avião. Era início dos anos 1990 e pouco se via mulheres comandando grandes aeronaves comerciais no Brasil. "Eu achava que não era uma profissão pra mim", conta. Ela trabalhava no setor processual em terra de uma grande companhia aérea, e o contato constante com colegas que estudavam aviação lhe provocaram certo fascínio. Perguntava tanto sobre a experiência de voo que um dia um amigo lhe convidou para acompanhá-lo em uma das aulas. A curiosidade do início se tornou um sonho profissional, e Jaqueline passou a frequentar aeroclubes e trabalhar incessantemente para conseguir pagar as caras aulas de aviação e acumul