Marcelo Ambrosio – Jornal do Brasil

O desastre com o A320 em Congonhas não foi o primeiro com essas condições. Outros dois incidentes foram com a Lufthansa, em Varsóvia (com prefixo D-AIPN), e a Philippine Airlines, em Bacolod (prefixo RP-C3222). Este último é realmente muito parecido. A descrição é da própria investigação.

O incidente em Bacolod ocorreu em março de 1998. O Airbus também estava sem o reverso da turbina 1 e chegou para o pouso com o automático (autothrust) na posição Speed e a manete (acelerador) do motor 1 em Climb Power. O jato tocou o solo e o co-piloto avisou: "Sem spoilers, sem reversão, sem desaceleração". O reverso da turbina 2 entrou em ação - como no jato da TAM. Com uma turbina em reversão e a outra com o acelerador em em potência de subida, o autothrust se desativou.

Ainda de acordo com a investigação, os spoilers (freios aerodinâmicos sobre as asas) do A320 da Philippine não se abriram e a aeronave não desacelerou. Com a manete da turbina 1 para a frente, o motor produzia quase 70% da força máxima.

A diferença de potência entre as turbinas confundiu o gerenciamento eletrônico, fazendo com que os sistemas de freio não se acionassem. Sem controle, o Airbus saiu da pista, cruzou o limite do aeroporto e bateu em umas casas. Três moradores morreram. Não houve vítimas a bordo da aeronave.

O relatório concluiu que a tripulação não soube lidar com a diferença de potência e se complicou com o gerenciamento eletrônico do Airbus, cuja arquitetura de proteção aos parâmetros configurados é sofisticada. Pela experiência dos dois pilotos que estavam a bordo do MBK da TAM, uma falha dessa natureza é muito menos provável, embora o sistema pode ter reagido a uma solicitação abrupta decorrente de um desequilíbrio.

Em Varsóvia, o A320 bateu uma das rodas só 9 segundos depois da outra. Com isso, os freios, acionados quando a velocidade dos dois trens é idêntica, demoraram a funcionar.

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