GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

O chefe do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), brigadeiro Jorge Kersul Filho, disse hoje que o acidente com o Airbus-A320 da TAM é resultado da "incompetência" dos órgãos que administram o setor aéreo no país. Após prestar depoimento por mais de quatro horas à CPI do Apagão Aéreo da Câmara, Kersul disse que "todos os que estão envolvidos com essa atividade" têm responsabilidades sobre o acidente.

"Quando um avião cai, significa incompetência de muita gente", afirmou.

Apesar das críticas, o brigadeiro disse que não cabe ao Cenipa verificar se a pista do aeroporto de Congonhas (SP) tinha reais condições de abrigar pousos e decolagens após a reforma, concluída 20 dias antes do acidente com o Airbus.

No depoimento, Kersul afirmou que desde o final do ano passado os órgãos que administram o setor aéreo sabiam que um novo acidente ocorreria em Congonhas caso a pista principal do aeroporto não passasse por reformas.

Após a reforma, o brigadeiro disse acreditar que a Infraero (estatal que administra os aeroportos) tenha liberado a pista para pousos e decolagens. "A pista atendia os pré-requisitos necessários e a verificação era feita pelos órgãos competentes, a Infraero e a Anac [Agência Nacional de Aviação Civil]. Quem liberou a pista deve ter feito a checagem."

Kersul afirmou que, enquanto houver dúvidas sobre as condições do uso da pista, ela será fechada sempre que houver chuvas fortes na capital paulista. "Até que se prove o contrário, a pista é segura. Enquanto tiver essa dúvida, recomendamos que ela não opere se estiver molhada."

Informações

Kersul reiterou que as investigações realizadas pela Aeronáutica sobre o acidente com o Airbus A-320 da TAM não têm como objetivo apontar culpados pela tragédia. "O Cenipa divulgará os fatores, mas nunca o fator determinante", disse.

Ao longo do depoimento, o brigadeiro deixou claro que as investigações conduzidas pela Aeronáutica são distintas das realizadas pela Polícia Federal sobre o acidente.

"Se depender de nós, a Polícia Federal nunca estará com a gente. Defendemos que as investigações sejam independentes porque elas são diferentes", afirmou. O brigadeiro disse que a Aeronáutica vai repassar à CPI as informações sobre o acidente, como determina a legislação brasileira, mas fez um apelo para que os deputados mantenham os dados sob sigilo.

O relator da CPI, deputado Marco Maia (PT-RS), disse que a comissão tem "instrumentos legais" para garantir o sigilo às informações. "Essa é uma decisão que deve ser tomada pelo plenário da CPI", afirmou.

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