Pedro Paulo Rezende
Da equipe do Correio Braziliense

As linhas aéreas seguem uma lógica criada durante a implantação das ferrovias no século 19.

Em lugar de estabelecer linhas ponto a ponto entre cada cidade, o que seria anti-econômico, concentrava-se o tráfego entre grandes centros urbanos, de onde se espraiava uma rede de estradas menores. A aviação segue o mesmo esquema. Hoje, Brasília, São Paulo e Rio concentram 90% de todo o sistema, servindo como pontos de conexão entre os estados do Norte-Nordeste e do Sul-Sudeste.

Para assumir esse papel, nas décadas de 1970 e 1980, o Ministério da Aeronáutica construiu o Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, e ampliou o do Galeão, no Rio de Janeiro. A idéia era concentrar os hubs (centros de distribuição e conexão de linhas) nacionais no complexo paulista e internacionais no do Galeão. Congonhas e Santos Dummont atenderiam a ponte aérea Rio-São Paulo e a aviação regional.

Na década de 1990, por questões mercadológicas e sua proximidade com o centro, Congonhas começou a roubar interligações nacionais de Guarulhos, que passou a concentrar a maioria do tráfego aéreo internacional. O Aeroporto Juscelino Kubitschek também assumiu um papel cada vez mais importante como rede de distribuição, fazendo a interligação entre os estados do Norte-Nordeste e do Sul-Sudeste. No total, há 3.600 operações da aviação comercial por dia em todo o país. Congonhas é responsável por 600 delas.

Em relação a linhas o número é bem mais expressivo. Trinta por cento dos hubs se concentram em Congonhas. Só com a transferência das conexões para outros aeroportos haverá uma redução de 7 milhões de passageiros ano, que deverão ser remanejados para o Galeão e Guarulhos.

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