O Estado de São Paulo

A Embraer vai acusar hoje a Airbus de ter recebido subsídios ilegais que distorceram nos últimos anos o mercado da aviação civil. Em uma reunião na Organização Mundial do Comércio (OMC), a empresa européia será questionada por causa dos programas de apoio a sua produção nos últimos 40 anos. O caso foi iniciado pela americana Boeing, mas o Brasil decidiu se unir à disputa como terceira parte.

O centro do debate será o benefício que a Airbus recebeu ao longo de anos para o lançamento de seus novos modelos de aviões. Para o governo americano, que quer a condenação das práticas pela OMC, a Airbus teria se beneficiado direta e indiretamente em até US$ 100 bilhões nas últimas décadas dos amplos subsídios dados pelos governos europeus. Já a Airbus acusa a Boeing de ter recebido em dinheiro do governo americano cerca de US$ 23 bilhões.

A disputa deve se arrastar ainda por meses. Mas, no caso da Embraer, técnicos estimam que os subsídios dados pelos europeus poderiam afetar a empresa, porque ela começa a produzir aeronaves praticamente do mesmo porte de alguns modelos da Airbus.

Pelos cálculos dos técnicos brasileiros, os subsídios da Airbus teriam dois efeitos: impossibilitar que a Embraer oferecesse seus aviões a companhias aéreas pelo mesmo preço e condições da Airbus e criar distorções no mercado que nem sequer permitiriam que a Embraer lançasse um produto que concorresse com a Airbus.

ARGENTINA

Hoje, a OMC abre as investigações sobre a medida imposta pelo governo brasileiro contra as exportações de resina da Argentina. O Brasil aplica uma salvaguarda contra o produto argentino por acreditar que os argentinos, por meio da empresa americana Eastman, estavam exportando o produto a um preço inferior ao que praticavam internamente, o que seria caracterizado como dumping. Os argentinos atacam e argumentam que sofreram prejuízos de quase US$ 200 milhões por causa das práticas brasileiras.

Mas Buenos Aires alega que a barreira imposta apenas favorece as vendas da concorrente italiana M&G Fibras e Resinas, que controla cerca de 60% do mercado brasileiro. Já a Eastman, a empresa na Argentina que quer o fim da barreira imposta pelo Brasil, atualmente ocupa a posição de líder no mercado mundial. Mas, com a barreira imposta pelo Brasil no início de 2005 de cerca de US$ 641 por tonelada, a Eastman foi excluída do mercado nacional.

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