da Folha Online
da Folha de S.Paulo
As companhias aéreas OceanAir e Gol devem ser as mais afetadas pela determinação do juiz-substituto Ronald Carvalho Filho, da Justiça Federal de São Paulo, que suspende, a partir da 0h de quinta-feira (8), a circulação de aeronaves modelo Fokker-100, Boeing-737/800 e Boeing-737/700 no aeroporto de Congonhas (zona sul de São Paulo). Notificada, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) afirmou que recorrerá da decisão.
Em nota, a OceanAir informou que dez de seus 20 aviões são Fokker-100, três são Fokker-50 e sete são Brasília. A Gol tem 65 aeronaves, todas Boeing 737, família à qual pertencem dois dos modelos vetados.
Uma das alternativas para o problema seria desviar os vôos afetados para os aeroportos de Guarulhos (Grande São Paulo) e Viracopos (Campinas-SP), segundo a diretora da Anac, Denise Abreu. Os dois terminais, no entanto, teriam capacidade para absorver apenas 30% do tráfego. "[Se o recurso não der certo] Vamos chamar todas as empresas e repassar as linhas para outros aeroportos. Certamente haverá muito transtorno."
Denise também demonstrou preocupação em relação à Oaci (Organização da Aviação Civil Internacional), que neste ano fará uma auditoria no país. E que, em razão dos problemas ocorridos desde o acidente com o Boeing da Gol --que matou 154 pessoas-- e as sucessivas crises nos aeroportos, poderá rebaixar o Brasil de categoria na classificação da entidade.
Quando Congonhas reduz a capacidade ou interrompe suas atividades, há um efeito dominó em todos os vôos do país. Todas as companhias usam o aeroporto como ponto de apoio, onde fazem escala quando levam passageiros do Sul para o Norte do país, por exemplo. A decisão do juiz federal foi dada em resposta a um pedido do Ministério Público Federal feito há duas semanas. Por entender que a segurança dos passageiros estava em risco, a Procuradoria pediu o fechamento da pista principal do aeroporto.
De março de 2006 a janeiro deste ano, quatro aviões derraparam. A Anac, Infraero (estatal que administra os aeroportos do país) e a Aeronáutica avaliam que há segurança suficiente para a operação de todas as aeronaves na pista principal de Congonhas --que deverá passar por reforma neste ano. A procuradora da República Fernanda Taubemblatt declarou ontem que não foi informada oficialmente da decisão.
"Eu já fico feliz [com a decisão do juiz] porque retirando essas aeronaves diminui os riscos de derrapagem e acidentes", afirmou a procuradora.