da Folha Online
Os aviões que estarão proibidos de transitar pelo aeroporto de Congonhas (zona sul de São Paulo) a partir da 0h de quinta-feira (8) utilizam mais de 80% da pista do terminal ao realizar decolagens ou pousos, de acordo com os dados enviados pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) à Justiça Federal.
Em sua sentença, o juiz-substituto Ronald Carvalho Filho, que proibiu o acesso de aeronaves Fokker-100, Boeing-737/800 e Boeing-737/700 ao aeroporto, afirma que resta menos de 388 metros de pista quando estes modelos pousam ou decolam, o que seria inseguro. Segundo ele, os modelos deixam apenas 378, 308 e 356 metros livres, respectivamente.
Os outros modelos analisados pelo magistrado com base nos dados da Anac são o Boeing 737/300, o A-319 e o A-320. Eles deixam, em média, 476, 603 e 447 metros remanescentes, respectivamente.
Um dos modelos que circula pelo aeroporto, o Boeing 737/400, não foi analisado por falta de informações. A Anac deverá entregá-las nos próximos dias.
A suspensão atinge, principalmente, as companhias aéreas OceanAir e Gol. Dez dos 20 aviões da OceanAir são Fokker-100, três são Fokker-50 e sete são Brasília. A Gol tem 65 aeronaves, todas Boeing 737, família à qual pertencem dois dos modelos vetados.
Os modelos permanecerão vetados até o término das obras de recuperação da pista principal de Congonhas, para prevenir acidentes. De março de 2006 a janeiro deste ano, quatro aviões derraparam. Outra medida de segurança adotada é interditar a pista quando chove.
Quando Congonhas reduz a capacidade ou interrompe suas atividades, um efeito dominó provoca atrasos e cancelamentos em vôos de todo o país.
Alternativa
Uma das alternativas para o problema seria desviar os vôos afetados para os aeroportos de Guarulhos (Grande São Paulo) e Viracopos (Campinas-SP), segundo a diretora da Anac, Denise Abreu. Os dois terminais, no entanto, teriam capacidade para absorver apenas 30% do tráfego. "[Se o recurso não der certo] Vamos chamar todas as empresas e repassar as linhas para outros aeroportos. Certamente haverá muito transtorno."
Denise também demonstrou preocupação em relação à Oaci (Organização da Aviação Civil Internacional), que neste ano fará uma auditoria no país. E que, em razão dos problemas ocorridos desde o acidente com o Boeing da Gol --que matou 154 pessoas-- e as sucessivas crises nos aeroportos, poderá rebaixar o Brasil de categoria na classificação da entidade.
Com Folha de S.Paulo