Ashley Garcia filmava decolagem em meio à chuva quando registrou acidente; imagens mostram também choro, gritos e avião em chamas. Apenas 22 pessoas continuam internadas; voo tinha 103 a bordo.
Por G1
Ashley Garcia, uma das passageiras do avião da Aeroméxico que sofreu um acidente em Durango, na terça-feira (31), registrou cenas que mostram o pânico a bordo. Ela filmava a decolagem, sob mau tempo, e logo as imagens trêmulas revelam o acidente.
Bombeiros apagam chamas do avião da Aeroméxico acidentado perto do aeroporto de Durango, na terça-feira (31) (Foto: Proteccion Civil Durango/via Reuters) |
Após um corte, é possível ver os passageiros do voo AM 2431 já fora do avião, assustados, e são ouvidos gritos e o choro de crianças. Garcia filmou também a aeronave, a essa altura já em chamas.
Apenas 22 dos mais de 80 feridos que passaram por hospitais após o acidente continuam internados nesta quarta-feira, de acordo com o diretor geral de Proteção Civil da Secretaria de Governo do México, Ricardo de la Cruz.
Ainda segundo ele, alguns estão apenas em observação e devem ter alta até a manhã de quinta-feira. As duas pessoas em estado mais grave - mas sem risco de vida e estáveis - são uma menina, que teve 25% do corpo queimado, e o piloto, Carlos Galván Mayrán, de 38 anos. Submetido a uma cirurgia na coluna cervical, ele está consciente e com prognóstico de recuperação total.
O avião atravessou a pista quando tentava decolar, com destino à Cidade do México, por volta das 18h10 (horário de Brasília), com 103 pessoas a bordo. Entre os 99 passageiros havia 88 adultos, nove crianças e dois bebês. A tripulação era composta por Mayrán, pelo primeiro oficial Daniel Dardon e pelas comissárias Samantha Hernández e Brenda Zaval.
Em uma entrevista coletiva nesta quarta, de la Cruz esclareceu que muitos dos passageiros que inicialmente apareciam como estrangeiros na verdade têm dupla cidadania e também são mexicanos.
Os únicos passageiros que não são mexicanos são da Espanha, Colômbia e Estados Unidos, e as autoridades do México estão trabalhando com as embaixadas desses países para fornecer novos documentos para eles, já que todos os pertences dos que estavam a bordo foram destruídos, informou.
Mau tempo
As causas do acidente ainda estão sendo investigadas. De acordo com o diretor-executivo da Aeroméxico, Andrés Conesa, as duas caixas-pretas do avião foram recuperadas intactas e serão analisadas, mas a investigação pode durar meses.
As autoridades ainda não apontaram hipóteses, embora o governador de Durango, José Aispuro, tenha dito que o mau tempo certamente contribuiu.
Muitos dos passageiros confirmaram que fortes ventos e uma chuva de granizo pareciam balançar a aeronave no momento da decolagem.
Em entrevista de um hospital à NBC News, a passageira Dorelia Rivera, que mora nos EUA, relatou o tempo ruim: "Nós decolamos, estava chovendo e, honestamente, pensei: 'Por que raios estamos decolando?'. Em poucos minutos o avião começou a tremer. Ouvimos um grande barulho atrás de nós e a próxima coisa que sabemos é que começou a sair fumaça e fogo", disse a sobrevivente, que teve queimaduras e fraturas.
O norte-americano Alberto Herrera, de 35 anos, contou à Associated Press que a chuva parecia fraca a princípio, mas se intensificou rapidamente e que granizo atingiu o avião justamente quando o piloto acelerou para iniciar a decolagem.
“Estávamos sentados no avião, havia um pouco de garoa, mas nada para se preocupar. Era apenas uma pequena chuva leve, super leve, mal batia nas janelas”, afirmou. “Mas começamos a ganhar velocidade e assim que começamos a decolar, de repente, o avião começou a ter problemas e foi atingido por granizo”, acrescentou.
Quanto mais entramos na tempestade, mais pesado o granizo chegava e mais vento nos atingia
“Então, de repente, o avião começou a balançar e começou a se agitar seriamente, se movimentando muito e depois batendo no chão”, disse ele. “Nós derrapamos e batemos uma segunda vez e vimos as chamas. ... e foi tipo "Isso pode ser ruim".
Por instinto, Herrera diz que se preparou para o impacto e gritou para os outros fazerem o mesmo.
A maioria dos passageiros não precisou de ajuda e todos conseguiram sair rapidamente do avião antes que o fogo se espalhasse, o que contribuiu para que muitos tivessem apenas ferimentos leves.
A baixa altitude da aeronave e a habilidade do piloto, segundo Herrera, contribuíram para que a gravidade não fosse maior. "O piloto teve que executar uma manobra corretamente e então nós atingimos a tempestade em seu pico enquanto estávamos subindo, e não enquanto estávamos no ar", disse.