"Joint venture" que englobará apenas setor de aviação comercial da Embraer é avaliada em 4,75 bilhões de dólares e terá sede no Brasil. Ações da brasileira caem após anúncio do negócio.
Deutsch Welle
As fabricantes de aviões brasileira Embraer e americana Boeing anunciaram nesta quinta-feira (05/07) um acordo de intenções para a criação de uma nova empresa de aviação comercial de capital fechado.
Nova empresa vai englobar aviação comercial da Embraer, mas os setores de defesa e de jatos executivos. |
Pouco depois do anúncio, as ações da Embraer caíram mais de 7% na Bovespa. Autoridades antitruste e acionistas ainda precisam aprovar o acordo, o que deverá se estender até o fim do ano que vem.
A nova empresa, que terá sede no Brasil, foi avaliada em 4,75 bilhões de dólares (18,54 bilhões de reais), segundo o memorando de entendimento das companhias.
A joint venture – empresa criada com os recursos de duas companhias – deve assumir parte dos negócios de aviação comercial da Embraer, a terceira maior fabricante do mundo, com um volume de negócios de 6 bilhões de dólares (23,43 bilhões de reais).
A Boeing irá administrar 80% do capital da nova companhia e deverá pagar 3,80 bilhões de dólares do valor de avaliação (14,83 bilhões de reais), enquanto a Embraer ficará com os 20% restantes.
Caso um acordo definitivo seja anunciado, a joint venture na área de aviação comercial será liderada por uma equipe de executivos brasileiros que devem responder diretamente ao presidente da Boeing, Dennis Muilenburg. Já a Boeing terá o controle operacional e de gestão da nova empresa.
"O acordo não-vinculante propõe a formação de uma joint venture que contempla os negócios e serviços de aviação comercial da Embraer, estrategicamente alinhada com as operações de desenvolvimento comercial, produção, marketing e serviços de suporte da Boeing", afirmaram as empresas.
A Embraer informou em comunicado ao mercado que iniciou as conversas sobre os documentos necessários para conseguir um acordo definitivo, que deve ser concluído antes de 2020. "Esse acordo com a Boeing criará a mais importante parceria estratégica da indústria aeroespacial, fortalecendo ambas as empresas e sua posição de liderança no mercado mundial", disse o presidente da Embraer, Paulo Cesar de Souza e Silva.
Defesa
A empresa brasileira também destacou que outras divisões da companhia, como a de defesa e de jatos executivos, não serão incluídas na nova sociedade e seguirão controladas pela Embraer.
A não inclusão desses setores era um ponto sensível para o governo brasileiro. Apesar de a Embraer ser uma empresa privada, o governo brasileiro detém uma ação especial chamada golden share, que dá poder de veto em decisões estratégicas.
No final de dezembro de 2017, quando as duas empresas anunciaram que estavam estudando uma possível união em alguns negócios, o Planalto externou sua desaprovação sobre a possibilidade de inclusão da área da defesa em um eventual acordo.
Segundo a Embraer e a Boeing, a área de defesa deverá ser incluída em outro tipo de parceria. As duas empresas anunciaram que pretendem criar outra companhia para a promoção e desenvolvimento de novos mercados na área de defesa, especialmente para a fabricação e comercialização do avião cargueiro KC-390. Os termos dessa outra parceria, no entanto, não foram especificados.