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O duelo entre Bombardier e Embraer

Valor
Por Andy Pasztor e Jon Ostrower | The Wall Street Journal, de Le Bourget, França

A disputa entre a Boeing e a Airbus normalmente é o principal tema nos grandes eventos do setor de aviação, como a feira Paris International Air Show. Mas nesta semana, as contrastantes encomendas de duas fabricantes de aviões menores - a brasileira Embraer SA e a canadense Bombardier Inc.- está emergindo como o principal assunto. 

A Embraer lançou esta semana a sua nova série de jatos comerciais E2, permitindo que ela conclua contratos e siga em frente com um projeto para uma linha de aviões que vai de 80 a 144 assentos. A companhia espera que isso lhe permita consolidar sua posição de líder no mercado de aviões menores. 


A Embraer anunciou a companhia aérea americana SkyWest Inc. como sua primeira cliente para a menor das três aeronaves da série E2, com o pedido firme de 100 aeronaves cuja entrega deve começar em 2020. A empresa de leasing International Lease Finance Corp. também se comprometeu a comprar até 100 unidades, incluindo alguns modelos maiores que vão competir mais diretamente com os aviões da Bombardier. A Embraer informou na segunda-feira que outras cinco companhias aéreas, cujos nomes ela não revelou, manifestaram interesse de comprar outras 65 unidades. 


A Bombardier, que aposta em uma estratégia de maior eficiência no consumo de combustível, alto desempenho e redução de emissões, até ontem, último dia do Paris Air Show, não havia recebido nenhuma encomenda nova para a sua próxima geração de aeronaves CSeries no evento. 


"Acho que a Embraer tem feito um trabalho muito impressionante de conquista de participação de mercado muito, muito rapidamente. O desafio será manter esse ritmo no futuro", disse o presidente da área de transporte da empresa financeira CIT Group Inc., Jeff Knittel, que espera uma reação agressiva" por parte da Bombardier. 


As duas empresas estão adotando abordagens profundamente diferentes com seus novos modelos. A Embraer está se inspirando na Boeing e na Airbus ao atualizar - em vez de substituir - seus aviões existentes com novos motores e asas, mantendo seus custos firmemente sob controle. A companhia planeja investir US$ 1,7 bilhão ao longo de oito anos para desenvolver os novos jatos, consideravelmente menos do que o tempo necessário para um design completamente novo. 


A Bombardier afirma que o seu novo avião será 20% mais eficiente no consumo de combustível que os modelos que pretende substituir, além de mais silencioso e gerar menos emissões de gases. 


Devido à ausência de pedidos na feira em Paris, a empresa tem focado em ampliar o interesse no voo inicial do novo jato, que deve ocorrer nas próximas semanas. 

Há semelhanças entre os aviões. Tanto a Embraer como a Bombardier usam o mesmo motor da Pratt & Whitney, que gera metade das melhorias previstas na eficiência de combustível do CSeries. A Pratt é uma unidade da United Technologies Corp. 


A Bombardier usou o evento em Paris para promover o desempenho prometido pelo seu avião, capaz de voar a partir de pequenos aeroportos localizados no centro de cidades como o que há em Toronto e em Londres, gerando o mesmo ruído que aerononaves à hélice menores. 

Desde o seu lançamento em 2008, a Bombardier registrou 145 pedidos firmes e espera que esse número chegue a 300 até a época em que o jato entre em operação, em meados de 2014, antes do modelo da Embraer, cujo primeiro E2 está programado para ser entregue em 2018. Mas o empenho da Bombardier para acumular pedidos foi prejudicado pela crise financeira global e a pela falta de confiança gerada pelos problemas de de desenvolvimento e produção enfrentados pela americana Boeing, e pela europeia Airbus, unidade da European Aeronautic Defence & Space Co. 


A Bombardier explica que não espera para anunciar pedidos de clientes durante eventos de aviação, mas que os divulga assim que eles são fechados. 

Chet Fuller, diretor da área de aviação comercial da Bombardier, disse que a dolorosa experiência da indústria com novos aviões continua a pesar negativamente sobre os pedidos e prejudicar as campanhas de marketing das empresa canadense.


Executivos das companhias aéreas rotineiramente enchem a Bombardier de perguntas sobre como ela pretende evitar esses mesmos erros, segundo Fuller. "O cinismo e ceticismo na indústria é simplesmente enorme", disse ele. 


Em entrevista antes do início do evento em Paris, Guy Hachey, presidente da unidade aeroespacial da Bombardier, disse que, a essa altura, a "indústria é vista como sendo de alto risco" devido a um histórico de deslizes em vários programas de desenvolvimento de aeronaves. "É só com o tempo que você pode convencer as pessoas de que pode cumprir as suas promessas", disse. 

Já a rival brasileira mostra mais otimismo. "A Embraer está recebendo encomendas pela qualidade de seus produtos e tem plena confiança na sua capacidade de produção e engenharia de entregar [...] os E2 no prazo estipulado", declarou a empresa ao The Wall Street Journal.


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