Correio do Brasil
Por Redação, com Reuters - de São Paulo
A Embraer espera que o último potencial grande pedido de jatos regionais nos Estados Unidos no atual ciclo de vendas seja da American Airlines, após ter conquistado três de quatro contratos bilionários no mercado de aviação comercial norte-americano nos últimos meses.
– Terminada a concorrência da American Airlines, o jogo estará fechado por um tempo – disse o presidente-executivo da Embraer, Frederico Curado, durante o Reuters Latin American Investment Summit, na noite passada.
Para ele, parcela importante da demanda remanescente por aviões regionais nos EUA, numa quantidade de 150 a 250 unidades, será preenchida pela confirmação de opções de compra nos acordos já assinados, o que colocaria a Embraer numa posição vantajosa.
Terceira maior fabricante mundial de aeronaves comerciais, a Embraer firmou neste ano vendas para as norte-americanas Republic Airways, United Airlines e SkyWest, fortalecendo a carteira de pedidos (“backlog”) e dando fôlego às suas ações, que estão no maior nível em mais de cinco anos na Bovespa.
Os pedidos firmes das três clientes por 117 aviões modelo Embraer 175, de 76 assentos, são estimados em quase US$ 5 bilhões a preços de tabela. No caso da SkyWest, há outras 60 unidades sujeitas à reconfirmação do negócio, no montante perto de US$ 2,5 bilhões. Já as opções de compra totalizam quase 200 aviões, com valor de tabela de US$ 7,6 bilhões.
– Eu acho que a tendência é que o mercado norte-americano demande aviões. As opções de compra não são figurativas, esperamos que um volume razoável seja confirmado – reforçou Curado em sua primeira entrevista após o anúncio da venda de aviões para a SkyWest, no começo desta semana.
Segundo ele, a Embraer está tranquila com a obtenção de financiamento pelas clientes dos EUA para a compra dos jatos, pelo fato de as companhias aéreas norte-americanas estarem “bem mais saudáveis”, após um importante processo de consolidação no setor aéreo.
Situação complicada
Sobre o avião mais vendido pela fabricante, o Embraer 190 (100 passageiros), Curado revelou que há algumas campanhas de vendas em curso, mas nada expressivo como as recentes encomendas do Embraer 175 nos EUA:
– A Europa está numa situação complicada do ponto de vista econômico e o mercado chinês já se acomodou na aviação regional. Neste momento estamos falando de quantidades menores, mas o Embraer 190 é o carro-chefe da família de E-Jets e isso deve permanecer.
Dos mais de 1.100 pedidos firmes por E-Jets no “backlog” da Embraer no fim de março, metade era do modelo 190.
O presidente da Embraer acredita que a principal demanda nos próximos anos por jatos na faixa de 100 lugares virá da renovação de frota, e não do crescimento do mercado aéreo, lembrando que ainda há centenas de aviões Fokker 100, DC-9 3 737-200/300 em operação no mundo.
Segunda geração
A Embraer vem trabalhando há dois anos na segunda geração de seus E-Jets, com novos motores e asas, mas ainda não levou o desenho final do projeto para aprovação pelo Conselho de Administração. Alguns analistas esperam que a empresa lance oficialmente o programa de desenvolvimento durante a Paris Air Show, em junho.
– Estamos falando de um investimento grande no nosso principal negócio… Se for possível encaixar, é uma possibilidade – disse Curado, sem dar detalhes, ao ser indagado sobre o possível lançamento dos futuros E-Jets na maior feira de aviação mundial que acontece no aeroporto de Le Bourget.
Como grandes motivos para manter o “DNA do produto atual” e não partir para um avião totalmente novo, o executivo citou a necessidade de um esforço industrial menos intenso e, principalmente, os interesses dos atuais clientes.
– Você ter mais de 60 clientes e mais de 1 mil aviões é uma mitigação de risco bastante grande para o investimento, é muito natural que haja uma sequência – afirmou.
Por exemplo, a Embraer pretende que os pilotos dos atuais E-Jets precisem de apenas cerca de três dias de treinamento para pilotar a segunda geração dos aviões, e não três semanas ou até um mês no caso de uma aeronave totalmente diferente.
A fabricante descarta um aumento de capital para suportar os investimentos futuros.
– Nossa capacidade de levantar recursos é muito grande… Conseguimos fazer isso com geração de caixa e dívida, mantendo a empresa saudável – concluiu.
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