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Homem volta para SP após 82 dias "morando" em aeroporto de Salvador

Paula Pitta – A Tarde

O montador de móveis paulista Gelson Ferreira da Silva, 46 anos, retornou à sua cidade natal, Campinas, em São Paulo, nesta sexta-feira (20), depois de 82 dias "preso" em Salvador sem ter como voltar para casa. Ele chegou à capital baiana sem a passagem de volta e com uma promessa de trabalho que não deu certo. Por isso, passou a "morar" clandestinamente no Aeroporto Internacional Luís Eduardo Magalhães.

A história do paulista lembra a trama do filme "O Terminal", que foi aos cinemas em 2004, com Tom Hanks no papel principal. No longa, Hanks faz o papel de um estrangeiro que chega aos Estados Unidos e fica impedido de voltar para casa porque seu passaporte é invalidado em decorrência de um golpe de estado no seu país de origem.

Para realizar o sonho de voltar para casa, Gelson contou com a ajuda de três pessoas, Marcos Rezende, coordenador da Ong Coletivo de Entidades Negras (CEN), que forneceu a passagem aérea para Campinas; o técnico em informática Augusto Mello, que abrigou o paulista em sua casa durante alguns dias; e Jamile Menezes, coordenadora do grupo Servidores do Bem, que intermediou o contato entre Gelson e Marcos Rezende.

Os três anjos-da-guarda descobriram a saga do montador de móveis depois que a história foi divulgada no Portal A TARDE On Line no último dia 12. "Leio o A TARDE On line todos os dias. Vi a matéria sobre ele e a história me lembrou o filme. Como eu tinha um apartamento vazio, resolvi ajudar", conta Augusto, que abrigou Gelson em sua última semana em Salvador. Neste intervalo, o baiano aproveitou para apresentar as belezas do Centro Histórico da cidade para o paulista.

"O jornal A TARDE foi o meio para a gente ajudá-lo. Foi um servidor do bem", explica Marcos Rezende.

Volta para casa - Nesta sexta, os três novos amigos de Gelson foram ao aeroporto para se despedir. Trocaram abraços, conselhos e tiraram fotos para registrar o momento. "Eu não vou poder levar essa foto para casa, mas vou levar esse momento aqui", disse Gelson, emocionado e apontando para o coração.

Poucos minutos antes de embarcar para o interior paulista e com o coração acelerado por conta da emoção, Gelson dizia que ainda não acreditava que ia conseguir rever os quatros filhos, de idades entre 1 e 11 anos.

"Ainda não sei se vou chegar lá. Só vou acreditar quando colocar o pé em casa. Estou com muita saudade da minha família. Quero chegar logo", disse, com os olhos marejados antes de embarcar.

O montador de móveis disse que chegou a perder a esperança de rever a família. "Pensei que não ia chegar (em casa). Não tinha solução, porque não tinha dinheiro para comprar a passagem. Ia voltar a pé?", questionou.

Durante a estada na capital baiana, Gelson passou a maior parte do tempo no aeroporto. Assim como o personagem Viktor Navorski, vivido por Tom Hanks no filme "O Terminal", o paulista contou com a ajuda dos funcionários do aeroporto para se alimentar.

"Uma funcionária da limpeza me via sempre sentado no Aeroporto e um dia trouxe um pão para mim. Depois ela trouxe biscoito. Eu até fiquei constrangido. Ela também me deu uma caixa de isopor, que usei para vender água mineral em São Cristóvão", relembra.

Com a venda, Gelson lucrava R$ 8 por dia, que usava para se alimentar e guardava na esperança de comprar a passagem de volta para São Paulo. "Eu pensava que precisava de pelo menos seis meses juntando esse dinheiro para comprar a passagem de volta para casa. Ia demorar mais tempo se não fosse a ajuda que recebi", explica Gelson.

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