Paula Pitta – A Tarde
O montador de móveis paulista Gelson Ferreira da Silva, 46 anos, retornou à sua cidade natal, Campinas,
A história do paulista lembra a trama do filme "O Terminal", que foi aos cinemas em 2004, com Tom Hanks no papel principal. No longa, Hanks faz o papel de um estrangeiro que chega aos Estados Unidos e fica impedido de voltar para casa porque seu passaporte é invalidado em decorrência de um golpe de estado no seu país de origem.
Para realizar o sonho de voltar para casa, Gelson contou com a ajuda de três pessoas, Marcos Rezende, coordenador da Ong Coletivo de Entidades Negras (CEN), que forneceu a passagem aérea para Campinas; o técnico
Os três anjos-da-guarda descobriram a saga do montador de móveis depois que a história foi divulgada no Portal A TARDE On Line no último dia 12. "Leio o A TARDE On line todos os dias. Vi a matéria sobre ele e a história me lembrou o filme. Como eu tinha um apartamento vazio, resolvi ajudar", conta Augusto, que abrigou Gelson em sua última semana
"O jornal A TARDE foi o meio para a gente ajudá-lo. Foi um servidor do bem", explica Marcos Rezende.
Volta para casa - Nesta sexta, os três novos amigos de Gelson foram ao aeroporto para se despedir. Trocaram abraços, conselhos e tiraram fotos para registrar o momento. "Eu não vou poder levar essa foto para casa, mas vou levar esse momento aqui", disse Gelson, emocionado e apontando para o coração.
Poucos minutos antes de embarcar para o interior paulista e com o coração acelerado por conta da emoção, Gelson dizia que ainda não acreditava que ia conseguir rever os quatros filhos, de idades entre 1 e 11 anos.
"Ainda não sei se vou chegar lá. Só vou acreditar quando colocar o pé
O montador de móveis disse que chegou a perder a esperança de rever a família. "Pensei que não ia chegar (em casa). Não tinha solução, porque não tinha dinheiro para comprar a passagem. Ia voltar a pé?", questionou.
Durante a estada na capital baiana, Gelson passou a maior parte do tempo no aeroporto. Assim como o personagem Viktor Navorski, vivido por Tom Hanks no filme "O Terminal", o paulista contou com a ajuda dos funcionários do aeroporto para se alimentar.
"Uma funcionária da limpeza me via sempre sentado no Aeroporto e um dia trouxe um pão para mim. Depois ela trouxe biscoito. Eu até fiquei constrangido. Ela também me deu uma caixa de isopor, que usei para vender água mineral
Com a venda, Gelson lucrava R$ 8 por dia, que usava para se alimentar e guardava na esperança de comprar a passagem de volta para São Paulo. "Eu pensava que precisava de pelo menos seis meses juntando esse dinheiro para comprar a passagem de volta para casa. Ia demorar mais tempo se não fosse a ajuda que recebi", explica Gelson.
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