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Avião da Noar perdeu peça de turbina em voo, diz relatório sobre acidente que matou 16 em Recife

Aliny Gama
Especial para o UOL Notícias
Em Maceió

O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) apresentou, nesta quinta-feira (22), relatório parcial sobre as causas do acidente com o avião da Noar que matou 16 pessoas no dia 13 de julho, em Recife (PE). A apresentação foi restrita a familiares das vítimas do acidente, que informaram que as causas exatas da queda do bimotor ainda são desconhecidas.

A reunião foi presidida pelo chefe do Cenipa, brigadeiro Carlos Alberto da Conceição, e o investigador encarregado do caso, coronel Fernando Silva Alves de Camargo. Eles passaram a manhã com familiares das vítimas, no Mar Olinda Cult Hotel, em Recife.

Apesar de não explicar o que causou a queda, as investigações já revelaram um detalhe que aponta para problemas na aeronave, que teria ficado com apenas uma das turbinas durante o voo.

“A apuração apontou que uma peça de sustentação da turbina esquerda caiu durante o voo, e o avião ficou operando apenas com uma das turbinas”, explicou o irmão de uma das vítimas do acidente, Geyson Soares, que participou do encontro.

Segundo o familiar, o Cenipa ainda não conseguiu compreender porque o avião da Noar não conseguiu se sustentar no ar com a segunda turbina. “Eles fizeram uma rápida explanação da trajetória do avião e mostraram que essa peça caiu, parando a turbina esquerda. Mas os técnicos não explicaram, apesar do nosso questionamento, porque a turbina direita não conseguiu dar sustentação a aeronave para os pilotos voltarem para o aeroporto”, disse Soares, que é irmão de Marcos Ely, engenheiro morto no acidente.

Soares explicou que o Cenipa conseguiu recuperar as caixas-pretas, mas ainda está decodificando o material para escutar o diálogo dos pilotos nos pouco mais de três minutos de voo até a queda da aeronave.

O Cenipa informou que o relatório final será divulgado no site da instituição, mas ainda não há data para conclusão. A apuração não vai apontar responsabilidades sobre a queda da aeronave, mas sim, orientar sobre procedimentos.

Segundo Soares, na última segunda-feira (19), familiares procuraram a Polícia Federal para cobrar celeridade nas investigações sobre o acidente. “Como tudo corre em segredo de Justiça, ninguém passa informação. A Polícia Federal disse que ainda está em processo de investigação e que tem 90 dias para concluir o inquérito. Caso falte mais alguma informação, a polícia disse pode pedir mais 90 dias para concluir o relatório”, contou, citando que “a demora causa angústia.”

O UOL Notícias tentou entrar em contato com a assessoria de comunicação da Noar Linhas Aéreas, mas as ligações não foram atendidas no início da tarde desta quinta-feira.

A queda

O avião bimotor modelo LET-410 caiu em um terreno baldio à beira-mar da praia de Boa Viagem, zona sul do Recife, minutos após decolar do Aeroporto Internacional Gilberto Freyre, localizado na região metropolitana do Recife.

Minutos após levantar voo, os pilotos Rivaldo Cardoso e Roberto Gonçalves informaram à torre que a aeronave estava com problemas e que tentariam retornar ao aeroporto.

O avião operava o voo 4899 e faria a rota Recife-Mossoró (RN), com escala em Natal. Após a queda, o bimotor explodiu e matou as 16 pessoas que estavam a bordo –14 passageiros e dois tripulantes.

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