NATUZA NERY
DE BRASÍLIA - Folha de SP

A presidente eleita, Dilma Rousseff, quer remodelar o setor aéreo do país. Ela decidiu criar uma pasta específica para a área, provavelmente com status de ministério.

O objetivo é abrir o capital do setor à iniciativa privada e acelerar a construção de aeroportos para a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016. 

A Secretaria Especial de Aviação Civil cuidará de assuntos e órgãos que hoje estão sob a responsabilidade do Ministério da Defesa. 

Responderão à nova pasta a Infraero, estatal que administra aeroportos, e a Anac, agência reguladora do setor. 

Não está no desenho montado pela petista a junção dessa nova pasta com a Secretaria de Portos -- ao contrário das especulações da semana passada. Os portos podem, inclusive, voltar a ser um departamento do Ministério dos Transportes. 

A decisão final, contudo, passará pela negociação partidária. Dilma tenta acomodar 12 legendas aliadas em cargos do primeiro escalão. 

Para comandar a nova pasta, a presidente eleita tem dito que não abre mão de um profissional com capacidade técnica. Isso não significa, porém, que não haverá negociação com alguma sigla de sua base de apoio. Ainda não há nomes em discussão. 

O PMDB está de olho não só na vaga, mas também no controle da Infraero. O deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) já disse a peemedebistas que tem interesse em ser o titular da empresa. 

Segundo a Folha apurou, a petista vai trocar o comando de diversas diretorias da Infraero, senão todas. Ela considera que a companhia foi sucateada nos últimos anos em benefício de combinações políticas. 

O empenho em remodelar o setor vem de um diagnóstico do governo desde os tempos do caos aéreo, em 2006. 

Dilma estabeleceu o assunto como prioridade da equipe de transição. Costuma avaliar nos bastidores que um fracasso nessa área será um fracasso pessoal.

O setor aéreo está hoje a cargo do Ministério da Defesa, chefiado por Nelson Jobim. Ele e Antonio Palocci, designado para a Casa Civil, já trataram sobre as mudanças planejadas por Dilma. 

Jobim ainda não sabe se continuará no posto. Uma conversa dele com Dilma está prevista para dezembro. O presidente Lula defende a continuidade, pois considera que Jobim conquistou autoridade nas Forças Armadas, tradicionalmente reativas à subordinação a um civil. 

Dilma, porém, não bateu o martelo por duas razões: não faz avaliações positivas sobre a atuação de Jobim para resolver o problema dos aeroportos e o julga vinculado ao tucano José Serra, amigo pessoal do ministro. 

A presidente eleita passou o dia de ontem com a família em Porto Alegre (RS).

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