Com prejuízo de R$ 51,9 milhões, empresa investiu 16% menos
Bruno Rosa - O Globo
Após uma multa de, no mínimo, R$ 2 milhões e mais de 50 processos judiciais, o presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, pediu desculpas aos passageiros pelo caos aéreo causado pela companhia no fim de julho — quando metade dos voos atrasaram. Ontem, o executivo admitiu que houve erro na implantação do novo sistema ao anunciar prejuízo de R$ 51,9 milhões no segundo trimestre deste ano. O resultado é o oposto do obtido no mesmo período de 2009, quando registrou lucro líquido de R$ 353,7 milhões.
Constantino, no entanto, fez questão de frisar que os mais de 300 voos cancelados entre os dias 31 de julho e 4 de agosto, não irão afetar os resultados do próximo trimestre. A empresa teve problema no sistema de gerenciamento da carga horária dos funcionários, impossibilitando os aviões de decolarem devido ao elevado número de horas extras da tripulação.
A empresa investiu R$ 169 milhões no 2º trimestre, valor 16% menor em relação aos R$ 201 milhões do mesmo período do ano passado.
— O impacto negativo não vai alterar a fatia de mercado da Gol. Os problemas pontuais já estão sob controle. Queria fazer uma mea culpa e pedir desculpas.
Para recuperar a imagem, estamos com os esforços voltados em dar mais segurança a nossos clientes e colaboradores. Erramos na implantação da solução e estamos trabalhando para não acontecer novamente e garantimos que não vai acontecer — disse o presidente da Gol.
Empresa não vê risco potencial de greve na sexta
Constantino lembrou que foram registradas 99 reclamações nos Juizados Especiais dos aeroportos do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Do total, 52 se transformaram em processos: — Fizemos 47 acordos. Isso não mitiga os transtornos. Nunca houve negligência em relação às nossas obrigações. Obviamente, tem gente que não está satisfeita, mas as nossas escalas são estabelecidas dentro das regras internacionais e nacionais.
Por isso, Constantino diz não ver risco potencial de greve dos funcionários, na sexta-feira (13).
Ontem, a companhia afirmou que, entre abril e junho, as despesas subiram 17,6%, para R$ 1,533 bilhão com a elevação dos custos relativos à manutenção de aeronaves, o aumento do preço do petróleo e do dólar. Por outro lado, com alta de 16,6% no volume de passageiros, a receita subiu 14%, para R$ 1,590 bi.
Como o resultado veio dentro do esperado pelo mercado, as ações da companhia fecharam em alta de 2,23% na Bolsa.