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14 abril 2010

Procurador nega pressão a pilotos

Peritos analisam gravações para identificar possíveis ordens de autoridades para que o avião do presidente pousasse na Rússia, apesar do mau tempo
 
Correio Braziliense

O procurador-geral da Polônia, Andrzej Seremetis, negou ontem que exista algum indício de que o acidente aéreo do último sábado, no qual morreram o presidente Lech Kaczynski e mais 95 pessoas — inclusive a primeira-dama e vários ministros — possa ter resultado de pressões de autoridades a bordo do Tupolev-154 para que os pilotos pousassem em Smolensk, na Rússia, apesar do mau tempo e da orientação contrária dada pela torre do aeroporto. "No atual estado das investigações, não há nenhuma informação que aponte nesse sentido", afirmou Seremetis, acrescentando que peritos examinarão os ruídos de fundo contidos na gravação das conversas de bordo para determinar se "qualquer sugestão" foi feita ao comandante.

A hipótese de uma interferência política fatal seria relacionada à determinação de evitar um atraso da comitiva polonesa para a cerimônia em memória das vítimas da matança de Katyn, ocorrida em 1941 na então União Soviética. A ideia foi reforçada após Tomasz Pietrzak, segundo piloto presidencial, dizer publicamente que já havia passado por situação semelhante, na qual as ordens haviam sido dadas por Kaczynski. Pietrzak descarta a possibilidade de erro humano, embora os peritos russos que analisaram a caixa-preta da aeronave tenham excluído a ocorrência de problema técnico.
 
Fontes militares da Rússia ressaltaram que os controladores de voo recomendaram diversas vezes que o Tupolev-154 fosse levado ao aeroporto de Minsk, capital da Bielorrúsia.
 
O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, prometeu que a investigação será feita com o maior empenho possível. "É evidente que vamos fazer tudo o necessário para que a investigação seja objetiva e completa", garantiu Putin. "Todas as causas dessa catástrofe serão reveladas."

Corpos

O procurador-geral polonês confirmou que até ontem haviam sido recuperados 87 corpos, mas apenas os restos do presidente foram repatriados. Os demais continuavam no necrotério de Moscou, mas o chefe adjunto de gabinete de Kaczynski, Jacek Sasin, disse esperar para a tarde de hoje a chegada do corpo da primeira-dama, Maria Kaczynska. Cerca de 120 parentes de vítimas já estão na capital russa para reconhecer os familiares, e mais 100 são aguardados. Com fisionomia pesada, eles se dirigiram em grupos ao necrotério. Rafal Dobrzeniecki foi identificar o pai da própria noiva e, na saída, abraçou um amigo por vários minutos. "Tivemos de passar por esse procedimento difícil. Meu sogro ficará sempre na minha memória", disse, muito emocionado. Estima-se que a identificação de todas as vítimas leve de três a quatro dias, já que a maior parte dos corpos está irreconhecível.

Uma homenagem ao presidente e a todos os mortos no acidente será realizada no próximo sábado em Varsóvia, anunciou o presidente do Senado, Bogdan Borusewicz. "As cerimônias oficiais serão celebradas ao lado do túmulo do soldado desconhecido", explicou. "É possível que elas durem até domingo", destacou a deputada Elzbieta Jakubiak, do partido governista Direito e Justiça, que foi chefe de gabinete do presidente falecido.

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