Sete famílias ganham até R$ 20 mil mensais e Justiça também obriga a Air France a pagar tratamento psicológico
Maria Elisa Alves - O Globo
Segundo o advogado João Tancredo, que representa as sete famílias, o valor das pensões varia entre R$ 2 mil e R$ 20 mil e foi estabelecido de acordo com o salário que a vítima recebia à época do desastre aéreo. A família de João Marques da Silva Filho, gerente de um estaleiro, receberá o valor mais alto. Segundo Tancredo, a Air France tem recorrido para tentar diminuir o valor das pensões.
Em todos os casos, a empresa tem recorrido. Ela alega que só precisa pagar o salário líquido da vítima e não o bruto, por exemplo. Também diz que já há jurisprudência para que seja dado 66% do salário.
Embora a empresa não tenha conseguido ainda reduzir as pensões, já obteve vitória ao recorrer em um caso: a família do engenheiro Carlos Eduardo de Mello, que havia ganho dinheiro para o tratamento psicológico, não vai mais receber a ajuda imediata porque a Air France conseguiu que fosse feita perícia nos parentes.
A Justiça determinou que seja feita perícia para ver se os pais, a avó e a irniã de Carlos precisam de tratamento. O rapaz havia se casado na véspera do acidente e embarcou para a lua de mel. É perverso imaginar que a família não precise de apoio diz Tancredo.
Sylvie Lopes de Mello, irmã de Carlos Eduardo, reclama do tratamento da Air France: Eles pensam que a gente perdeu uma mala. Estão tratando o caso como se fosse um acidente de bicicleta.
Meus pais vivem à base de remédios, choram todas as noites, assim como minha avó.
Ela tem 90 anos e ainda precisa fazer perícia para mostrar que está sofrendo? O advogado diz que todos os parentes foram avaliados por um médico da Santa Casa da Misericórdia, que considerou que todos à exceção do irmão de uma das vítimas precisavam de terapia de apoio.
Famílias vão entrar com ação na Justiça americana
Apesar de o advogado dizer que a pensão é uma primeira vitória dos parentes, o presidente da Associação das Famílias das Vítimas do Voo 447, Nélson Marinho, acredita que as famílias devem entrar com ações na Justiça dos Estados Unidos, que dará, na opinião dele, indenizações mais altas e de forma mais rápida.
- Estas pessoas se precipitaram.
Mais de 40 famílias vão entrar na Justiça dos Estados Unidos. A seguradora, ao saber que o caso será julgado nos Estados Unidos, tentará logo um acordo — assegura.
A Air France informou ontem, através de sua assessoria de imprensa, que é proibida pela lei francesa de se pronunciar sobre o acidente enquanto ele é investigado.
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