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Voo escapa de tempestade minutos após queda do 447

Piloto de avião da Air France que passou pela zona de convergência sobre o Atlântico menos de meia hora depois da aeronave acidentada mudou rota em 126 quilômetros para evitar perigo

Estado de Minas         

Rio de Janeiro – Um importante relato testemunhal pode levar os investigadores franceses que buscam explicar o acidente com o voo 447, que caiu no Oceano Atlântico em 31 de maio, a descartar a possibilidade de falha humana por parte da tripulação. O piloto do voo 459 da mesma Air France, que partiu de São Paulo quase no mesmo horário do 447, passou pela região do acidente 20 minutos depois do Airbus que caiu. Em entrevista exclusiva ao jornal francês Le Figaro, sob anonimato, ele narrou o que se passou com sua aeronave ao cruzar tempestade e defendeu os colegas que tripulavam o 447.

“As fotos de satélite eram claras desde a decolagem, e qualquer piloto é capaz de usar seu radar”, disse. Ele alega que as imagens recebidas antes de partir de São Paulo não traziam nada de inquietante, pois as tempestades “são condições muito frequentes naquela região”. Mesmo assim, ao chegar à chamada zona de convergência intertropical, ele preferiu aumentar a sensibilidade do radar meteorológico, o que o fez perceber que havia regiões mais perigosas no caminho traçado pelo plano de voo. “Essa mudança nos permitiu evitar uma grande massa de nuvens que não teríamos identificado se o radar estivesse no modo automático.”

Diferentemente do 447, o piloto ouvido pelo jornal preferiu fazer uma manobra para evitar o centro da tempestade e desviou 126 quilômetros, conta o Le Figaro. “Era uma massa de nuvens difícil de detectar, pois não havia relâmpagos”, contou um de seus copilotos à mesma publicação. O piloto defendeu novamente os colegas do 447, alegando que não aumentar a sensibilidade do radar é algo comum, já que essa mudança torna as informações mais confusas na tela. “É certo que nem todo mundo faz isso”, disse.

Ao passar pela zona da tempestade, após desviar, o piloto conta que não percebeu nada de anormal. “As condições de voo eram normais e não escutamos nada na frequência de emergência, acrescentou, alegando não ter tido nenhum contato com o voo 447, nem mesmo depois que os controladores de voo fizeram contato, quando chegaram próximo às Ilhas Canárias. Somente quando pousou no Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, a tripulação ficou sabendo do desaparecimento do voo 447.

A tripulação do voo 459 alega que redigiu um relatório sobre a segurança de voo, que foi entregue às autoridades. Eles afirmam, entretanto, que mesmo assim ainda não foram ouvidos pelos investigadores do Escritório de Investigação e Análises da França (BEA), órgão responsável pelas investigações.

CORPOS

Mais três corpos das vítimas do voo 447 da Air France foram encaminhados na manhã de ontem para serem embalsamados no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, na Região Metropolitana do Recife. De acordo com a gerência do cemitério – responsável por embalsamar todos os corpos de vítimas da tragédia –, outros quatro cadáveres já foram embalsamados e liberados para as famílias no início da semana. Segundo o gerente de operações do Grupo Vila em Pernambuco – do qual o cemitério faz parte –, Guilherme Lithg, dois corpos deixaram o aeroporto do Recife com destino ao Rio na segunda-feira e outros dois seguiram terça. “A maioria dos corpos [de vítimas brasileiras] será encaminhada do Recife ao Rio. Isso não quer dizer que, necessariamente, os corpos serão enterrados no Rio. De lá eles podem ser encaminhados para outras cidades”, afirmou.

Até ontem, o Instituto Médico Legal (IML) do Recife havia identificado os corpos de 11 das 50 vítimas resgatadas do mar pela Força Aérea Brasileira (FAB) e pela Marinha. Dez são brasileiros – cinco do sexo masculino e cinco do sexo feminino – e um é estrangeiro, do sexo masculino. De acordo com a gerência do cemitério, o corpo do estrangeiro – cuja nacionalidade não foi revelada – ainda não seguiu para embalsamamento. Terça-feira foi enterrado o primeiro corpo de vítima da queda do Airbus A330 da Air France, do engenheiro e gerente de qualidade da multinacional francesa de tubulações Saint-Gobain, Luiz Cláudio Monlevad, de 48 anos. Ontem, destroços do avião foram avistados no mar pelas equipes de busca.

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