Passageiros que usam aeroporto reclamam de estacionamento lotado e praça abandonada, com mendigos e lixo
Ronaldo Braga
O acréscimo de cem novos voos está causando problemas não só dentro do Aeroporto Santos Dumont — onde passageiros têm enfrentado esperas de mais de 50 minutos para embarcar —, como do lado de fora também. Quem tenta estacionar seu carro sofre para encontrar um lugar. Ontem, veículos de três cooperativas de táxis — Transcoopass, Cootramo e Santos Dumont — ocupavam quase que 100% das vagas em volta da Praça Senador Salgado Filho, em frente ao aeroporto. O motorista que procurasse o estacionamento da Central Park, prestadora de serviços da Infraero, que oferece 1.700 vagas, também enfrentava dificuldades.
— Demorei quase meia hora para entrar no estacionamento. O movimento aumentou muito e estacionar o carro virou um inferno — disse o analista de sistemas Evandro Castro, de 39 anos.
Segundo um supervisor da Central Park, o estacionamento ficou sobrecarregado por causa do aumento do número de voos no aeroporto.
— A demora é sempre de 15 a 20 minutos. Todas as 1.700 vagas ficam ocupadas desde cedo. São pessoas que viajam e deixam o carro estacionado, ou que estacionam aqui para se despedir de parentes que vão viajar. Aumentou muito o movimento nos últimos 40 dias— disse o supervisor Egdard Silva, acrescentando que o movimento é intenso de segunda a sexta-feira. — Só melhora um pouco por volta das 20h.
Outra pessoa que criticou a falta de vagas foi a empresária Beatriz Nunes, de 20 anos, que viaja duas vezes por semana para São Paulo.
— Não há vagas nem do lado de fora, nem no Central Park. Perco tempo aqui e lá dentro do aeroporto, onde enfrento filas — disse ela, referindose às filas de mais de cem metros que se formam para os passageiros passarem pelo aparelho de raios X, na hora do embarque.
‘Isso aqui está um lixo’, diz empresária sobre praça
Taxistas dizem que, por causa do maior movimento no Santos Dumont, houve migração de profissionais que antes trabalhavam no Aeroporto Internacional Tom Jobim.
— Quem está no prejuízo é a categoria — disse Fernando Costa Sousa, que há 15 anos trabalhava no Tom Jobim e passou para o Santos Dumont.
Segundo ele, do Tom Jobim até o Centro, um passageiro pagava de R$ 60 a R$ 80. Já do Santos Dumont, a corrida para o mesmo destino sai por R$ 18.
— Estamos no prejuízo — disse ele, que calcula que cerca de 1.500 táxis circulem diariamente no entorno do aeroporto.
Mas não é apenas a falta de vagas que motiva críticas de quem procura o Santos Dumont.
Passageiros, entre eles turistas, ficam impressionados com o abandono da Praça Senador Salgado Filho. Ali, podiam ser vistos ontem mendigos dentro do chafariz desativado, além de lixo em vários pontos.
— Isso aqui está um lixo. E é a primeira paisagem que os turistas veem quando pisam em terra. Já que há mais voos no Santos Dumont, não custa nada melhorar as condições da praça — reclamou a empresária paulista Amanda Vasconcelos Paiva, de 39 anos, que viaja toda dia na ponte aérea Rio-São Paulo.
A Comlurb mandou ontem mesmo uma equipe para retirar o lixo da praça. Já a Secretaria de Assistência Social ficou de recolher os mendigos. Segundo a Fundação Parques e Jardins, a conservação do chafariz deverá ser feita na próxima semana.