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Embraer mais próxima da Argentina

Presidente Lula acerta com Cristina Kirchner últimos detalhes de nova fábrica em Córdoba



JÚLIO OTTOBONI, São José dos Campos

Os governos do Brasil e da Argentina alinhavam os últimos detalhes para o acordo que pode levar a Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) a instalar uma unidade em Córdoba, no país vizinho. A transação, que envolveria a aquisição de 20 a 30 aeronaves pela recém-estatizada Aerolíneas Argentinas, teria a contrapartida de investimentos brasileiros na recuperação do parque aeronáutico argentino.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se encontra em visita oficial a Buenos Aires, esteve ontem com a presidente Cristina Kirchner para definir detalhes da negociação. As conversações surgiram ainda na campanha de Kirchner, quando incluiu na plataforma de governo a intenção de atrair investimentos da Embraer para a Argentina.

Nas tratativas dos governos ficou acertado que o BNDES vai financiar 85% das vendas das aeronaves modelos 190 e 195, de aproximadamente US$ 650 milhões, em uma primeira fase emergencial, podendo atingir em segunda etapa US$ 1 bilhão. Em 2007, quando os presidentes chegaram a anunciar a ida da Embraer para a Argentina, a fábrica Área de Material de Córdoba estava sob o contrato de comodato com a americana Lockheed Martin.

A negociação ocorrerá em regime de offset, instrumento que regula negociações comerciais casadas, quando se adota contrapartidas equivalentes ao investimento feito por um dos lados envolvidos. A fábrica de aviões de Córdoba foi a primeira do setor a ser instalada na América do Sul, mas foi privatizada e sucateada ao longo dos anos 80 e 90.

Os jatos da Embraer devem substituir os antigos Boeing 737-200 e 737-500. Uma das exigências do governo argentino é que a primeira aeronave seja entregue no começo do segundo semestre deste ano.

Expansão do convênio

A Embraer, no entanto, já se aventurou em acordos governamentais na Argentina com o turboélice CBA-123, que lhe renderam prejuízo de US$ 350 milhões nos anos 80. E nunca houve sequer um vôo oficial da aeronave binacional.

O Banco Central anunciou na noite de ontem que o limite das operações por meio do Convênio de Pagamentos e Crédito Recíproco (CCR) entre Brasil e Argentina foi elevado de US$ 120 milhões para US$ 1,5 bilhão. De acordo com o BC, a decisão foi tomada na reunião dos presidentes dos dois países em Buenos Aires e faz parte do Mecanismo de Integração e Coordenação Bilateral Brasil-Argentina, o que inclui outras decisões de interesse dos dois países. A elevação do limite é imediata e tem por objetivo aumentar as relações de comércio entre Brasil e Argentina.

Os Presidentes dos Bancos Centrais do Brasil, Henrique Meirelles, e da Argentina, Martin Redrado, debateram a eficiência do Sistema de Pagamentos em Moeda Local (SML) adotado pelos dois países no ano passado. Meirelles e Redrado avaliaram que o sistema é um sucesso, principalmente por ter levado um crescente número de empresas dos dois países, principalmente de pequeno porte, a adotar a forma de pagamento.

Com a decisão anunciada ontem, fica aberta a janela para que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financie empresas argentinas. O acordo firmado ontem estabeleceu a criação de um grupo de trabalho que terá 60 dias para apresentar uma proposta que viabilize os financiamentos.

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