Região vizinha a São Paulo possui cinco milhões de habitantes



Daniel Rittner
, de Brasília

Com o início de suas operações regulares programado para meados de dezembro, a Azul já pediu duas novas rotas à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), mas planeja chegar ao paulistano Congonhas, o aeroporto mais concorrido do país, somente em 2010 ou 2011, informou ao Valor o dono da companhia, David Neeleman.

Além dos anunciados vôos diários para Porto Alegre e Salvador, sempre partindo de Campinas (SP), a empresa solicitou autorização para estrear quatro freqüências diárias de Campinas a Vitória e de Campinas a Curitiba. Nessa última rota, as concorrentes TAM e Gol também oferecem vôos diretos - cada uma tem dois por dia. Contudo, nas outras ligações solicitadas pela Azul, as duas empresas líderes de mercado praticamente só oferecem vôos com conexão em aeroportos como Confins, em Belo Horizonte, e Galeão, no Rio.

A Azul assinou na quarta-feira, com a Anac, o contrato de concessão que a transforma em operadora de transporte aéreo e ganhou o direito de pedir oficialmente o estabelecimento de rotas e vôos. Embora planeje iniciar vendas de bilhetes na primeira semana de dezembro, a empresa ainda precisa aguardar a aprovação dos pedidos de vôo pela Anac, o que pode demorar até 30 dias.

Neeleman justificou a escolha do aeroporto de Viracopos como base operacional para o começo da Azul. "É uma região com cinco milhões de habitantes e sem nenhum vôo direto para essas cidades", afirmou o empresário. Por enquanto, a aérea colocará à disposição de seus passageiros ônibus conectando o Shopping Villa-Lobos (zona oeste da capital) a Viracopos. "Faço a rota São Paulo-Nova York todas as semanas e gasto duas horas para chegar a Guarulhos, pois pego toda a Marginal Tietê. Saindo de Alphaville (onde fica a sede da Azul), chego a Campinas em até 45 minutos."

Com as novas regras divulgadas pela agência reguladora para a distribuição de slots (horários para pousos e decolagens), a empresa considera muito difícil iniciar vôos em Congonhas em 2009. Para candidatar-se à redistribuição de slots, uma companhia deverá ter pelo menos seis meses de operação. Como a primeira seleção da Anac deve ocorrer no primeiro trimestre, não haveria tempo hábil para a habilitação da Azul.

Por isso, a diretoria da empresa trabalha com a perspectiva de operar em Congonhas apenas em 2010 ou 2011, começando com sete a dez vôos, provavelmente na ponte aérea Rio-São Paulo. A definição de outras rotas da companhia depende muito da liberação ou não do aeroporto Santos Dumont, no Rio, para vôos que não sejam regionais ou da ponte.

A diretora-presidente da Anac, Solange Vieira, disse ontem que o órgão regulador decidirá em fevereiro sobre a ampliação do uso do aeroporto Santos Dumont. A consulta pública sobre o assunto foi aberta no dia 19 de novembro, com prazo de 30 dias para manifestações. Solange disse que levará em conta as recentes manifestações do governador do Rio, Sérgio Cabral, opositor da medida. Cabral tem argumentado que aumentar o número de slots no Santos Dumont pode enfraquecer o papel do Galeão como "hub" (centro de conexões de vôos) e diminuir o valor do aeroporto na sua concessão para a iniciativa privada, prevista para 2009.

A estréia da Azul está prevista para 15 de dezembro, com cinco aviões. Foram encomendados 40 jatos E195, com opção de mais 36, à Embraer. Inicialmente, a expectativa era operar exclusivamente com essas aeronaves, cuja capacidade é de 118 passageiros. A companhia aérea, porém, alterou o pedido e incluiu também jatos do modelo E190, ligeiramente menores, com 106 assentos. O objetivo é ter aeronaves mais adequadas para operação em pistas curtas e, ao mesmo tempo, capazes de voar cheias e para longas distâncias.

A Azul visa a operação no Santos Dumont, que tem uma das pistas mais reduzidas do mundo, e em outros aeroportos mais limitados. "Há várias pistas curtas no país em que o E190 opera melhor com plena capacidade", explica Adalberto Febeliano, diretor de relações institucionais da Azul e ex-vicepresidente da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag).

O primeiro jato novo deve ser entregue pela Embraer em dezembro, mas a Azul já tem dois E190 que arrendou da JetBlue, aérea americana também fundada por Neeleman. A empresa brasileira espera ter dez aviões ao fim do primeiro trimestre de 2009 e 16 até o fim do ano.

(Colaborou Roberta Campassi, de São Paulo)

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