Investigadores suspeitam de falha técnica e incêndio em uma das turbinas. Destroços do Boeing foram encontrados num raio de 4km
Da Redação
Um avião de passageiros russo caiu perto da cidade de Perm, nos Montes Urais, oeste da Rússia, e matou todas as 88 pessoas que estavam a bordo, entre elas 21 estrangeiros. O Boeing 737 da companhia aérea Aeroflot sofreu o acidente quando manobrava para pousar em Perm, 1.400km ao leste de Moscou, atingindo também a ferrovia Transiberiana, que liga a capital a Vladivostok ao longo de mais de 9.000km. Por esse motivo, o tráfego de trens foi interrompido no trecho entre Perm e Yekaterimburgo.
O Boeing da companhia aérea Aeroflot, que fazia o vôo 821 procedente de Moscou, caiu muito perto de uma zona residencial às 3h15 (18h15 de sábado em Brasília) “como um cometa”, segundo testemunhas. A empresa informou ainda que sete crianças estavam entre os passageiros. A Aeroflot confirmou que não há sobreviventes e que entre as vítimas estão nove cidadãos do Azerbaijão, cinco da Ucrânia, um da França, um da Suíça, um da Letônia, um da Alemanha, um da Turquia, um dos Estados Unidos e outro da Itália.
Um dos mortos é o general Gennadi Troshev, alto comandante russo na guerra da Chechênia e conselheiro do primeiro-ministro Vladimir Putin, segundo a agência de notícias Interfax. Testemunhas afirmaram que o Boeing passou por cima de suas casas antes da explosão, que espalhou pedaços da aeronave em várias direções. O canal de TV Vesti-24 exibiu imagens de muita fumaça em uma área florestal e dos serviços de resgate trabalhando com lanternas no escuro. Os destroços do avião foram encontrados em um raio de 4 km e o incêndio foi controlado após algumas horas.
O chefe da comissão de investigação da Procuradoria-Geral da Rússia, Aleksandr Bastrikin, afirmou que um exame preliminar do local do acidente indica que a tragédia se deveu à “falha técnica e ao incêndio na turbina direita da aeronave”. De acordo com essa versão, os pilotos do Boeing 737 da Aeroflot tentaram, em vão, efetuar uma aterrissagem de emergência após a explosão de um dos motores.
As duas caixas-pretas do avião foram localizadas e estão sendo analisadas. O porta-voz da Aeroflot, Lev Koshliakov, afirmou que o aparelho passara por uma “inspeção técnica completa” neste ano e foi considerado em “condições adequadas”. A empresa informou ainda que o Boeing, com 16 anos de uso, foi alugado para o período 2008-2013 à empresa Pinewatch Limited, com sede em Dublin (Irlanda).
O ministro dos Transportes, Igor Levitin, descartou a hipótese de atentado terrorista e estimou um prazo entre três e quatro semanas para a completa análise das caixas-pretas. O acidente em Perm é a maior catástrofe com avião russo desde agosto de 2006, quando um avião Tu-154 da companhia aérea Pulkovo caiu na cidade de Donetsk (Ucrânia). Na ocasião, todos os ocupantes morreram: 160 passageiros e 10 tripulantes. No ano passado, a aviação da Rússia registrou 33 acidentes com 318 mortos, seis vezes a mais que em 2005.
A Aeroflot criou um centro de crise para atender os familiares das vítimas no aeroporto de Sheremetyevo-1, em Moscou, e outro em Perm. Também anunciou o pagamento de uma compensação de mais de dois milhões de rublos (55 mil euros) para cada uma das vítimas. Levitin deve viajar ao local da tragédia para acompanhar a investigação. Especialistas afirmam que as principais causas dos acidentes na Rússia são a deficiência na formação profissional dos pilotos e a antigüidade da frota comercial russa, que tem 18 anos em média nas linhas internacionais e 30 anos nas linhas domésticas.