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Sucessão de falhas causou a queda do vôo 5022, diz Aviação Civil espanhola


O diretor geral do departamento de Aviação Civil espanhol, Manuel Bautista, disse que uma sucessão de falhas provocou a queda do vôo JK 5022 da Spanair nesta quarta-feira (20), que culminou na morte de 153 pessoas e deixou 19 feridos em Madri.

Para Bautista, entrevistado pelo jornal "El País", houve mais de uma falha para que a aeronave tenha caído, logo após decolar no aeroporto de Barajas, a 14 km da capital espanhola. "Não estou tão seguro de que falhou somente o motor."

"Uma falha no motor não é a causa de um acidente. Junto a outros motivos pode ser que tenha causado a queda, e temos de determinar o conjunto de causas que ocorreram", disse, sem detalhar quais poderiam ter sido as outras causas.

Quase duas horas antes do acidente, o "superaquecimento excessivo de uma válvula de ar" fez com que o avião ficasse na pista, sem levantar vôo. O vôo deveria ter saído por volta das 13h, porém voltou ao portão de embarque depois que a tripulação percebeu o superaquecimento.

O subdiretor-geral da Spanair, Javier Mendoza, confirmou nesta quinta-feira em coletiva de imprensa que o comandante do vôo JK 5022 agiu "de acordo com os padrões e procedimentos registrados nos manuais do avião". Somente depois de isolado o problema, o piloto foi autorizado a voltar para a pista de decolagem.

Segundo o site do "El País", o vídeo do acidente não mostra nenhum incêndio ou ruído de explosão antes da queda da aeronave. "O vídeo gravado pela Aena [agência que controla aeroportos e o tráfego aéreo] da decolagem do vôo (...) revela que a aeronave tocou a pista --após uma possível perda de potência-- e, depois de voar só alguns metros, caiu para a direita", informa o jornal.

E o "El País" ainda detalha: "Uma das faíscas produzidas pelo atrito acabou ateando fogo ao querosene combustível e a tragédia era inevitável".

Investigação

Um dia após o acidente, uma comissão formada por sete técnicos começou o trabalho de investigação, cujas primeiras conclusões só deverão aparecer após algumas semanas "ou até meses".

A investigação pretende descobrir por que o piloto desistiu da primeira decolagem para pedir uma manutenção na aeronave. Para Bautista, "o piloto detectou algo quando tirou o avião da pista". Em seguida, mecânicos realizaram uma manutenção de 40 minutos e a aeronave foi então liberada para voar.

Em declaração oficial, a Spanair minimizou o problema técnico afirmando que o modelo MD-82 --fabricado pela McDonnell Douglas e fora de linha há nove anos-- estava apto para decolar.

Uma das duas caixas-pretas, a que registra o funcionamento da aeronave, poderia ajudar a esclarecer parte do caso. Contudo, devido às altas temperaturas do incêndio, ela pode ter sido danificada, como explicou o Ministério do Desenvolvimento.

Identificação

Médicos legistas identificaram, segundo a imprensa espanhola, 49 vítimas do acidente. Para identificar o restante das vítimas, autoridades espanholas tentarão o reconhecimento por meio de impressões digitais ou exames de DNA.

No entanto, a identificação de todos os corpos levará ao menos dois ou três dias, segundo confirmou a ministra do Desenvolvimento, Magdanela Álvarez, na manhã de ontem. "A circunstância em que estão torna muito difícil a identificação", afirmou. Para agilizar a identificação das vítimas, trabalham 40 pessoas.

Enquanto isso, a busca por documentos, objetos, livros, malas ou jóias que possam ajudar na identificação dos cadáveres é um dos objetivos prioritários das equipes policiais e de emergência que trabalham na zona do acidente.

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