Empresa brasileira confirma conversas para venda de aviões na Argentina


Alberto Komatsu, RIO

Pela primeira vez desde que o governo argentino anunciou, no mês passado, que a Aerolíneas Argentinas quer reestruturar sua operação doméstica e na América do Sul com aviões da Embraer, a fabricante brasileira confirmou oficialmente as negociações. O vice-presidente de relações externas da Embraer, Henrique Rzezinski, disse ao Estado que as conversas foram oficialmente iniciadas em julho, mês em que o governo de Cristina Kirchner propôs a reestatização da Aerolíneas, controlada pelo grupo espanhol Marsans. A empresa, que era estatal até 1990, tem dívida estimada em US$ 900 milhões.

“Existe interesse da Aerolíneas e da Embraer, mas as negociações são ainda bastante preliminares. Esperamos que ela avance no futuro”, comentou o executivo. Ele não se mostrou receoso de que a situação macroeconômica argentina inviabilize o negócio. “Isso não é impeditivo. Estamos negociando com a Aerolíneas como negociamos com empresas do mundo inteiro”, disse. Rzezinski também afirmou que a negociação com a Aerolíneas Argentinas poderá contar com financiamento do BNDES.

De acordo com ele, ainda está em estudos qual o melhor modelo de avião para atender às necessidades da Aerolíneas, assim como a quantidade. Mas já foi definido que as aeronaves serão utilizadas para rotas dentro da América do Sul. “Neste momento, ainda não existe nenhuma preferência.

Também não se falou em quantidade, o que vai depender muito da análise de viabilidade financeira da própria Aerolíneas”, disse.

O mercado estima uma necessidade de até 65 jatos da Embraer para a Aerolíneas e para a sua subsidiária Austral nos vôos domésticos e no Cone Sul. Em abril, as duas empresas, juntas, tinham 57 aeronaves.

O secretário de Transportes da Argentina, Ricardo Jaime, disse no início de agosto que a idéia é operar com aviões que tenham capacidade para transportar “de 70 a 90 passageiros”. Pela declaração, os planos para a frota da Aerolíneas Argentinas indicariam a possibilidade de utilização dos jatos Embraer da família 170 (70 a 80 passageiros) e 175 (78 a 88 passageiros). O preço-base de cada avião, conforme tabela da Embraer de janeiro deste ano, é de US$ 31,5 milhões e de US$ 33,5 milhões, respectivamente.

O consultor aeronáutico Paulo Bittencourt Sampaio, no entanto, avalia que a Aerolíneas deverá usar os aviões da família 190 (para 114 passageiros) e 195 (para 122 passageiros), que têm preços de tabela de US$ 37,5 milhões e US$ 39,5 milhões. “Com o jato da Embraer, a Aerolíneas Argentinas poderá fazer mais freqüências nas mesmas rotas”, afirma Sampaio.

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