José Sergio Osse
As companhias aéreas vão precisar, nos próximos 20 anos, de 29,4 mil novos aviões (passageiros e carga) para sustentar suas operações. O valor total desse mercado é de US$ 3,2 trilhões, segundo a fabricante americana Boeing.
A previsão da empresa mostra que, em unidades, a maior demanda será por jatos de corredor único com menos de 90 assentos: 19,1 mil aparelhos, ou 65% do total de aeronaves que serão vendidas até 2027. Em valores, porém, o segmento mais importante será o de aviões de fuselagem larga e até 400 assentos. Embora a demanda prevista pela Boeing seja por 6,7 mil aparelhos desse tipo, seu valor total será de US$ 1,47 trilhão, contra US$ 1,36 trilhão que serão movimentados com a aquisição de equipamentos de corredor único.
"Nos últimos anos, as companhias aéreas atenderam o crescimento na demanda com mais freqüências e destinos, não com aviões maiores", afirmou o vice-presidente de marketing da Boeing, Randy Tinseth. Segundo ele, a companhia acredita que essa tendência na indústria deve continuar no futuro, o que corrobora a decisão da Boeing de não investir em aviões muito grandes, como o A380, da rival européia Airbus.
"A maior parte da demanda nos próximos 20 anos será por aviões de corredor único, como o 737. Em unidades, eles correspondem a 65% do total", afirma Tinseth. Segundo ele, um segmento que deverá encolher nos próximos anos é o de aviões regionais - principal mercado da brasileira Embraer.
Tinseth acredita que o aumento nos custos com combustíveis e as pressões ambientais levarão ao "fim da era do jato de 50 lugares". O estudo da Boeing mostra que a empresa espera que os aviões regionais, que representavam 17% (3.160 aparelhos) da frota mundial em 2007, corresponderão a 7% (2.630 unidades) do total de aeronaves em operação em 2027.
A Boeing acredita que a demanda mundial por novos aviões regionais - área em que não atua - será por 2.510 aparelhos, ou 9% do total. Em valor, essas aeronaves movimentarão US$ 80 bilhões, 2% da expectativa de giro com a compra de aviões em 20 anos.
A empresa ainda acredita que, no segmento de aeronaves muito grandes, com mais de 400 assentos (categoria composta apenas pela sua família 747 e pelo Airbus A380), a demanda será por 980 aviões. "Embora seja um segmento pequeno em número de unidades, é significativo em valores", diz.
A Boeing anunciou também uma parceria com a SkyHook International para a criação de uma aeronave comercial híbrida, uma espécie de dirigível, para transporte de cargas em áreas remotas. Pelo acordo, a fabricante americana ficará responsável por desenvolver e construir o aparelho patenteado pela canadense SkyHook.
"A SkyHook obteve a patente para essa aeronave de flutuação neutra e procurou a Boeing com a oportunidade de desenvolver e construir o sistema", disse o diretor de Sistemas Avançados de Rotores da Boeing, Pat Donnelly. "Realizamos um estudo de viabilidade e concluímos que essa oportunidade casa perfeitamente com as capacidades técnicas da área de Sistemas Avançados", acrescentou.
O fato de ter peso igual ao do ar permite que o aparelho, que se chamará JHL-40, se sustente sozinho no ar, com um envelope de hélio gerando sustentação suficiente para fazer o aparelho todo, carregado com combustível, flutuar no ar. Segundo a Boeing, os quatro rotores (hélices como as de um helicóptero) da aeronave precisariam sustentar em vôo apenas o peso da carga a ser transportada.
Dessa forma, a capacidade do aparelho será de 40 toneladas de carga, com autonomia para viagens de até 320 quilômetros sem reabastecimento.
A aeronave é indicada, segundo a Boeing, para operação em ambientes hostis, como o Ártico O valor do contrato entre a Boeing e a SkyHook, ou o preço dos aparelhos não foi divulgado.