O anúncio oficial ainda não foi feito, mas já é certo que David Neeleman, responsável pela transformação da americana JetBlue em uma das maiores companhias aéreas dos EUA, vai criar uma nova empresa, que começa a operar no Brasil provavelmente no fim do ano. Neeleman, que nasceu em São Paulo, disporia de US$ 200 milhões iniciais para o empreendimento.
O tamanho da frota, o equipamento que será utilizado, o modelo de atendimento (a JetBlue opera no segmento de baixo custo e baixa tarifa e foi considerada a melhor do país pelo guia Condé Nast) e as freqüências a serem atendidas são ainda parte de um plano de negócios não divulgado.
Tanto a assessoria do executivo no Brasil quanto os auxiliares diretos na sede em Nova York evitam dar qualquer informação. O voto de silêncio, afirmam, acaba no fim do mês.
Nos bastidores, no entanto, muita coisa já está sendo comentada. Entre os futuros concorrentes, dá-se como certa a montagem de uma frota com aviões fabricados pela Embraer, sobretudo os EMB 190, com 100 lugares. Isso seria possível porque a diretoria da JetBlue - cliente tradicional da Embraer - que assumiu depois da saída de Neeleman do cargo de CEO em maio, cancelou pacote de encomendas como parte de um plano de recuperação econômica diante da crise atravessada no ano passado, quando uma nevasca violenta no Norte dos EUA obrigou o cancelamento de cerca de 1.200 vôos. Hoje, os números são favoráveis, com aumento do índice de ocupação 76,8% para 80%.
O novo empreendimento, segundo fontes da companhia nos EUA, "não tem relação direta com a JetBlue", embora Neeleman continue como presidente do Conselho de Administração. Entre seus hábitos, manteve o de voar uma vez por semana num jato da empresa apenas para conversar com os passageiros.
A questão das rotas futuras é outro segredo. Entre os especialistas, a aposta está em vôos ligando centros regionais não atendidos diretamente, como por exemplo entre Belo Horizonte e Curitiba.
Há, ainda, quase certeza que, ao mesmo tempo, tais linhas com demanda incerta seriam compensadas com slots (autorizações para pouso e decolagem) em aeroportos de grande movimento como Congonhas e Santos Dumont, já sinalizados pela Agência Nacional de Aviação Civil.
Ryanair
Outra companhia aérea prestes a desenbarcar no país é a irlandesa Ryanair, da família Ryan.
Dona da Tyger, em Cingapura e da Viva Aerobus, no México, a empresa colocou o Brasil na mira em seu último plano estratégico. Também é especializada no ramo de custo baixo e preço baixo, procura sócios locais.
Com base em Dublin, na Irlanda, a empresa opera a maioria de conexões a partir do Reino Unido. É atualmente uma das maiores companhias aéreas da Europa nesse setor e também uma das mais polêmicas. Em janeiro, a empresa publicou um anúncio não autorizado com foto do primeiro ministro da França, Sarkozy, e sua namorada.