da Folha Online
Uma canaleta que dá vazão à água da pista principal do aeroporto de Congonhas (zona sul de São Paulo) cedeu e causou um deslizamento de terra na cabeceira da pista na noite desta segunda-feira.
Segundo a Infraero, estatal que administra os aeroportos do país, a canaleta se rompeu porque o Airbus-A320 da TAM que caiu na última terça-feira (17) passou sobre ela antes de bater no prédio da TAM Express. Devido à chuva que atinge São Paulo, o terreno encharcou, a canaleta não agüentou o fluxo de água e acabou cedendo.
Durante a manhã, a pista auxiliar do terminal -- a única operante desde o acidente com o vôo 3054 da TAM -- ficou fechada para pousos e decolagens das 11h26 às 13h17 devido ao mau tempo. O resultado foram cancelamentos e atrasos que atingiram 76,2% dos vôos no terminal. À noite, a pista voltou a fechar totalmente, entre as 18h05 e as 18h30.
Apenas 49 dos 215 vôos previstos para pousar ou decolar nesta segunda-feira não foram afetados, de acordo com o balanço da Infraero. A maior parte dos vôos foi cancelada -- 167 no total --, índice que representa 67,9% dos vôos programados. Outros 18 (ou 8,3%) foram cancelados.
Liberação
Na manhã desta segunda, o presidente da Infraero, José Carlos Pereira, chegou a confirmar que a pista principal seria reaberta. À tarde, Pereira recuou. 'Eu havia falado que a pista estaria aberta a partir de amanhã, às 6 horas, mas não vai ser possível. Há buracos na pista que precisam ser reparados com cuidado. Não vai dar tempo. Com a chuva que está, não é possível fazer aquele trabalho [de restauração da pista] com segurança', disse o presidente da estatal.
Mesmo antes do fechamento de Congonhas, as condições da pista tinham sido questionadas pela TAM e a Gol, que transferiram a maioria dos seus pousos de Congonhas para o aeroporto de Guarulhos (Grande São Paulo).
O brigadeiro, disse que a decisão era "jogada de marketing". Pereira afirmou que pousou e decolou "centenas de vezes" da pista auxiliar de Congonhas quando era piloto.
Acúmulo de água
A água na pista pista principal de Congonhas assusta. A lâmina de água na pista é considerada uma das suspeitas de ter causado o acidente com o vôo 3054, que causou cerca de 200 mortes. A aeronave passou pela pista principal sem conseguir frear, atravessou a avenida Washington Luís e bateu contra um prédio da TAM Express, provocando um incêndio de grande proporções.
Há suspeitas de que a falta de 'grooving' -- ranhuras que ajudam no escoamento de água -- na pista principal de Congonhas seja um dos fatores que impossibilitou a frenagem do avião. A hipótese é investigada. Tanto que a pista principal deverá ser liberada amanhã (24), mas operará apenas quando estiver seca.
Embora tenha 'grooving', a pista auxiliar de Congonhas é mais curta do que a principal, o que também dificultaria manobras em eventuais ocasiões de emergência.