PATRÍCIA ZIMMERMANN
da Folha Online, em Brasília
Controladores de tráfego aéreo voltaram a ser convocados pelo Comando da Aeronáutica em nova tentativa de pôr fim aos atrasos nos vôos. A medida também foi adotada no dia 2 de novembro, feriado de Finados, quando o setor entrou em colapso.
Segundo Ulisses Fontenele, ex-controlador e ex-presidente da associação da categoria, a medida atinge 150 controladores do Cindacta 1 (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo), entre eles aqueles que estavam de folga e deverão ficar de prontidão. Os operadores teriam sido orientados a levar roupas de cama, o que indica que não há previsão para o término do esquema emergencial.
Para Fontenele, a medida não resolve o problema do tráfego aéreo. Ele diz que a convocação aumenta a tensão e o cansaço entre os controladores.
Nesta terça-feira, passageiros enfrentam o quarto dia de atrasos na primeira crise após o "apagão aéreo" de Finados. Com a convocação extraordinária, o governo teria como objetivo, além de acabar com os atrasos, evitar que novos problemas ocorram na quarta (15), feriado da Proclamação da República.
Esquema emergencial
Segundo o Comando da Aeronáutica, o esquema emergencial foi acionado com o objetivo de normalizar as escalas de serviço. Afirma, ainda, que o plano é "um procedimento administrativo previsto na legislação e tem o objetivo "de reunir, no menor tempo, todo o efetivo de uma unidade a fim de atender a possíveis situações especiais ou emergenciais".
Durante o período em que o esquema vigorar --ainda não confirmado--, os controladores do Cindacta 1 deverão permanecer na organização, "de maneira a atender às necessidades operacionais de serviço", diz a Aeronáutica em nota. O Comando afirma que serão cumpridos os horários de descanso e a jornada de trabalho.
A Aeronáutica afirma que o procurador Giovanni Rattacaso, do Ministério Público Militar, acompanhará o processo, no Cindacta 1, para "evidenciar a transparência e a legalidade das medidas adotadas".
Medidas
Na segunda (13), após reunião entre representantes da Infraero, da Aeronáutica, do Ministério da Defesa e da Anac com a ministra Dilma Rousseff, a Casa Civil prometeu, em nota, que as "medidas necessárias" seriam tomadas para acabar com os atrasos dos vôos. Não foram informadas, porém, quais são as medidas.
Com isso, os controladores de vôo continuam sem sinalização clara sobre a promessa de atendimento de suas reivindicações --contratação de mais profissionais, regulamentação da carreira, criação de gratificação e desmilitarização do setor.
Também ontem, o ministro da Defesa, Waldir Pires, minimizou os problemas nos aeroportos, apesar de balanço da Infraero apontar atrasos em 42% dos vôos (629). "Não houve nada. Quantas vezes temos atrasos de duas, três horas?", afirmou, de acordo com informações da Agência Brasil.
Falta de controladores
O presidente da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Milton Zuanazzi, disse acreditar que os atrasos deverão persistir enquanto o número de controladores de tráfego aéreo em Brasília não for suficiente.
No mesmo dia, o setor de Comunicação da Aeronáutica havia negado o desfalque e informado que todos os consoles operavam normalmente, apesar da série de atrasos.
O setor, já desfalcado com o afastamento de controladores após a queda do Boeing da Gol, no dia 29 de setembro, ficou sem outros dois profissionais no último sábado (11) --um teve um problema familiar e outro, quebrou a perna, de acordo com Wellington Rodrigues, presidente da ABCTA (Associação Brasileira dos Controladores de Tráfego Aéreo.
No final de outubro, os controladores de tráfego aéreo decidiram, de forma isolada, iniciar a chamada operação-padrão, com maior espaçamento entre as decolagens. O objetivo seria garantir a segurança dos vôos. As normas internacionais determinam que cada operador deve controlar, no máximo, 14 aeronaves no mesmo instante.
O resultado do movimento foi uma seqüência de atrasos e cancelamentos de vôos. Na madrugada do último dia 2, o tráfego aéreo parou. Milhares de passageiros sofreram com esperas de até 20 horas. Na ocasião, o governo acionou uma operação emergencial para pôr fim aos atrasos, o que desagradou muitos controladores.
Força-tarefa
A força-tarefa convocada no início do mês envolveu 149 controladores. O não-cumprimento poderia resultar em punição e prisão.
Na ocasião, além da convocação extraordinária, o controle do tráfego aéreo foi reforçado por mais um grupo de operadores, formado por militares da reserva e operadores remanejados de outros Estados. Todos foram acompanhados por um médico e por psicólogos.
Os atrasos diminuíram após a convocação, e o Ministério da Defesa aceitou negociar com a categoria, o que gerou uma crise com a Aeronáutica. Enquanto o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, acusa o ministro da Defesa, Waldir Pires, de "incentivar a anarquia" e abrir um "grave precedente" ao negociar com os controladores, Pires mantinha o diálogo em moldes sindicais.
A reportagem apurou que alguns controladores estão insatisfeitos com as negociações feitas com o governo federal.
Colaborou LÍVIA MARRA, editora de Cotidiano da Folha Online
Com Folha de S.Paulo e Agência Brasil
da Folha Online, em Brasília
Controladores de tráfego aéreo voltaram a ser convocados pelo Comando da Aeronáutica em nova tentativa de pôr fim aos atrasos nos vôos. A medida também foi adotada no dia 2 de novembro, feriado de Finados, quando o setor entrou em colapso.
Segundo Ulisses Fontenele, ex-controlador e ex-presidente da associação da categoria, a medida atinge 150 controladores do Cindacta 1 (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo), entre eles aqueles que estavam de folga e deverão ficar de prontidão. Os operadores teriam sido orientados a levar roupas de cama, o que indica que não há previsão para o término do esquema emergencial.
Para Fontenele, a medida não resolve o problema do tráfego aéreo. Ele diz que a convocação aumenta a tensão e o cansaço entre os controladores.
Nesta terça-feira, passageiros enfrentam o quarto dia de atrasos na primeira crise após o "apagão aéreo" de Finados. Com a convocação extraordinária, o governo teria como objetivo, além de acabar com os atrasos, evitar que novos problemas ocorram na quarta (15), feriado da Proclamação da República.
Esquema emergencial
Segundo o Comando da Aeronáutica, o esquema emergencial foi acionado com o objetivo de normalizar as escalas de serviço. Afirma, ainda, que o plano é "um procedimento administrativo previsto na legislação e tem o objetivo "de reunir, no menor tempo, todo o efetivo de uma unidade a fim de atender a possíveis situações especiais ou emergenciais".
Durante o período em que o esquema vigorar --ainda não confirmado--, os controladores do Cindacta 1 deverão permanecer na organização, "de maneira a atender às necessidades operacionais de serviço", diz a Aeronáutica em nota. O Comando afirma que serão cumpridos os horários de descanso e a jornada de trabalho.
A Aeronáutica afirma que o procurador Giovanni Rattacaso, do Ministério Público Militar, acompanhará o processo, no Cindacta 1, para "evidenciar a transparência e a legalidade das medidas adotadas".
Medidas
Na segunda (13), após reunião entre representantes da Infraero, da Aeronáutica, do Ministério da Defesa e da Anac com a ministra Dilma Rousseff, a Casa Civil prometeu, em nota, que as "medidas necessárias" seriam tomadas para acabar com os atrasos dos vôos. Não foram informadas, porém, quais são as medidas.
Com isso, os controladores de vôo continuam sem sinalização clara sobre a promessa de atendimento de suas reivindicações --contratação de mais profissionais, regulamentação da carreira, criação de gratificação e desmilitarização do setor.
Também ontem, o ministro da Defesa, Waldir Pires, minimizou os problemas nos aeroportos, apesar de balanço da Infraero apontar atrasos em 42% dos vôos (629). "Não houve nada. Quantas vezes temos atrasos de duas, três horas?", afirmou, de acordo com informações da Agência Brasil.
Falta de controladores
O presidente da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Milton Zuanazzi, disse acreditar que os atrasos deverão persistir enquanto o número de controladores de tráfego aéreo em Brasília não for suficiente.
No mesmo dia, o setor de Comunicação da Aeronáutica havia negado o desfalque e informado que todos os consoles operavam normalmente, apesar da série de atrasos.
O setor, já desfalcado com o afastamento de controladores após a queda do Boeing da Gol, no dia 29 de setembro, ficou sem outros dois profissionais no último sábado (11) --um teve um problema familiar e outro, quebrou a perna, de acordo com Wellington Rodrigues, presidente da ABCTA (Associação Brasileira dos Controladores de Tráfego Aéreo.
No final de outubro, os controladores de tráfego aéreo decidiram, de forma isolada, iniciar a chamada operação-padrão, com maior espaçamento entre as decolagens. O objetivo seria garantir a segurança dos vôos. As normas internacionais determinam que cada operador deve controlar, no máximo, 14 aeronaves no mesmo instante.
O resultado do movimento foi uma seqüência de atrasos e cancelamentos de vôos. Na madrugada do último dia 2, o tráfego aéreo parou. Milhares de passageiros sofreram com esperas de até 20 horas. Na ocasião, o governo acionou uma operação emergencial para pôr fim aos atrasos, o que desagradou muitos controladores.
Força-tarefa
A força-tarefa convocada no início do mês envolveu 149 controladores. O não-cumprimento poderia resultar em punição e prisão.
Na ocasião, além da convocação extraordinária, o controle do tráfego aéreo foi reforçado por mais um grupo de operadores, formado por militares da reserva e operadores remanejados de outros Estados. Todos foram acompanhados por um médico e por psicólogos.
Os atrasos diminuíram após a convocação, e o Ministério da Defesa aceitou negociar com a categoria, o que gerou uma crise com a Aeronáutica. Enquanto o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, acusa o ministro da Defesa, Waldir Pires, de "incentivar a anarquia" e abrir um "grave precedente" ao negociar com os controladores, Pires mantinha o diálogo em moldes sindicais.
A reportagem apurou que alguns controladores estão insatisfeitos com as negociações feitas com o governo federal.
Colaborou LÍVIA MARRA, editora de Cotidiano da Folha Online
Com Folha de S.Paulo e Agência Brasil
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