Combinação produziu novo dia de angústia no aeroporto Salgado Filho
Zero Hora
O Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, atravessou ontem um novo dia de tumulto e tensão por causa do mau tempo. A solução para superar o drama recorrente – equipamentos antineblina mais avançados – já está no aeroporto há mais de um ano, mas faltam as obras complementares para que o sistema entre em operação plena.
O resultado foi visto ontem. Em decorrência de um nevoeiro, o aeroporto permaneceu fechado para pousos das 10h17min às 14h56min. Voos foram cancelados ou atrasaram, aeronaves que deveriam partir da cidade sequer conseguiram chegar, passageiros perderam compromissos e desistiram de suas viagens.
Os mais tensos no aeroporto eram as dezenas de torcedores do Inter que investiram tempo e dinheiro para ir a São Paulo e assistir a seu time na final da Copa do Brasil. Na medida em que viam a hora da partida se aproximar, eles se exasperavam com a falta de soluções. Aglomeraram-se diante dos balcões das companhias aéreas, ecoaram cânticos e fizeram pressão.
– O aeroporto está cheio de granito e mármore, mas não consegue superar uma situação dessas. Como é que querem fazer uma Copa do Mundo aqui? – protestou, às 16h, o advogado e torcedor Carlos Dubal, 34 anos.
O contador Rodrigo de los Santos, 27 anos, tinha passagem para as 13h30min. No meio da tarde, ofereceram um voo às 20h20min, para Guarulhos. Os R$ 280 investidos em passagens e ingresso pareciam perdidos.
– Perdi o dia, a grana e o jogo. Vou ter de ver pela TV – disse.
Ele acabou tendo uma boa notícia. A empresa aérea ofereceu um voo às 18h para os torcedores.
O nervosismo dos colorados teria sido evitado se já estivesse em operação o novo sistema antinevoeiro do Salgado Filho, o Instrument Landing System (ILS), que permite operações com baixa visibilidade.
Entre maio e junho do ano passado, houve a troca de equipamentos do sistema. Para desolação dos 13 mil passageiros diários do Salgado Filho, no entanto, faltam obras e equipamentos para o sistema funcionar a pleno.
Apesar de ter recebido aparelhagem para operar o ILS na categoria 2 (que permite operação com até 30 metros de teto, a pior marca de ontem), o Salgado Filho segue trabalhando na categoria 1 (teto de 60 metros). As alterações necessárias para o ILS2 funcionar só estarão concluídas em 2010.
– Mesmo quando o ILS2 estiver funcionando, continuaremos a ter limites – lembrou a superintendente do aeroporto, Lia Segaglio de Figueiredo.
O músico Vlad Moura, 38 anos, foi dos que sofreram as consequências da inadequação do aeroporto às suas condições meteorológicas. Ele veio a Porto Alegre para fazer um show, na terça-feira.
Embarcaria às 14h25min e se apresentaria de novo em São Paulo às 20h. Seu voo ficou para a noite.
– Não tenho como avisar o público do cancelamento do show. É lastimável. Penso em voltar para outras apresentações, mas agora, em se tratando do Salgado Filho, fico preocupado.