Roberta Campassi, de São Paulo – Valor
O trimestre que vai de abril a junho é sempre o mais fraco para as empresas aéreas e, neste ano, pode ser ainda mais penoso. Em maio, a demanda por viagens de avião dentro do Brasil caiu 5,47% em relação ao mesmo mês de 2008, o que é o pior desempenho entre todos os meses analisados desde, pelo menos, 2006.
Em abril, a demanda doméstica havia crescido 2%, mas não resistiu no mês passado, conforme dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) divulgados ontem. No acumulado de janeiro a maio, o resultado ainda é positivo - crescimento também de 2% sobre os cinco primeiros meses de 2008.
Mesmo com a retração de viagens acentuada em maio, as aéreas em geral continuaram expandindo a frota e os voos, o que fez com que a capacidade crescesse 12,2% sobre o mesmo mês do ano passado. As taxas de ocupação no período caíram de 70,3% para 59,2%. No mercado internacional, a demanda caiu 5,3%, a oferta subiu 3,7% e a taxa de ocupação média reduziu de 68,3% para 62,3%.
"As estatísticas de tráfego aéreo de maio de 2009 confirmam que o segundo trimestre será difícil para o setor", afirmam os analistas Jacqueline Lison e Marcello Günther, do banco Fator. Eles destacam que a situação de mercado pode pressionar as receitas e que a alta no preço do petróleo deve impactar os custos, mas esta "será parcialmente compensada pela queda do dólar".
A boa notícia veio para a Azul, aérea que iniciou voos em dezembro passado e em maio conseguiu o posto de terceira maior do país, com 4,16% de participação no mercado doméstico. Ela ultrapassou a Webjet, que ficou com 3,99%. A companhia novata vem praticando preços promocionais e, no mês passado, conseguiu a melhor ocupação entre as maiores empresas do setor: 79%.
Já a TAM, líder de mercado, teve queda de quase 14% no tráfego de seus voos domésticos, em maio. Ela fechou o mês com participação de 44,9%, contra 49,2% em abril. A Gol, a vice-líder, também viu a demanda cair em torno de 12,2%. Contudo, sobre abril, abocanhou mais de três pontos de participação e fechou o mês passado com uma fatia de 42% do mercado. Para Tarcísio Gargioni, vicepresidente de marketing e serviços da Gol, o aumento é resultado de melhorias nos serviço e não de promoções.
O executivo atribui a redução de 5,47% do mercado como um todo às fortes chuvas que atingiram o Nordeste no mês passado e que inibiram as viagens na região.