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27 fevereiro 2009



Na região Norte do País, já se tornou corriqueira, sem que as autoridades se mostrem preocupadas, a ocorrência de constantes desastres com o afundamento de barcos que fazem precariamente o transporte de pessoas pelos rios ali abundantes. A fiscalização não melhorou e aguardam-se novos naufrágios anunciados. Agora, a atenção do País é despertada por um grave desastre aéreo, também ali, que matou 24 passageiros. Não bastariam os desastres fluviais? Teríamos que assistir também impassíveis a tragédias envolvendo aeronaves numa região tão vasta? É verdade que tragédias desse tipo ocorrem indiscriminadamente em qualquer país, qualquer região. Acontece que no Brasil, e sobretudo na Amazônia, a aplicação das leis e normas específicas para o setor de tráfego aéreo é particularmente deficiente.

Lembremos a grave crise gerada logo após o desastre em que um jatinho pilotado por aviadores americanos comprovadamente sem preparo derrubou um avião de carreira, também naquela região, matando todos os seus passageiros e tripulantes. Foi preciso uma tragédia desse porte para que a população tomasse conhecimento do perigo que corre quem viaja de avião no Brasil. Controladores de voo iniciaram então um movimento de esclarecimento à sociedade, com reivindicação de melhores salários e condições de trabalho, inclusive equipamentos mais atualizados.

O governo enfrentou a crise na habitual base de empurrar com a barriga, puniu controladores, e só, mudou o ministro da Defesa, que prometeu (o novo, Nelson Jobim) resolver tudo com presteza e não resolveu nada. O problema continua aí, quem sabe à espera de uma nova tragédia. Após aquela grande tragédia na Amazônia, houve ainda o megadesastre do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Um complicador é que o controle do tráfego aéreo no nosso país ainda é atribuição dos militares. E o ministro da Defesa não quer se indispor com eles, pois sabe que os líderes das Forças Armadas ainda não deglutiram a criação desse novo ministério, que englobou quatro pastas que eram ocupadas por chefes militares, na contramão da história e da modernidade: as do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, mais o Estado Maior das Forças Armadas.

Sabemos como no Brasil há leis que “pegam” e leis que não “pegam”, que a boa governança do País é substituída por um jogo mesquinho de baixa politicagem partidária e grupal, e que ninguém é responsabilizado e cobrado pelos buracos que vão ficando pelo meio do caminho. Nessa perversa perspectiva, um desastre a mais, um a menos não têm maior importância para quem deveria administrar o País. Particularmente numa imensa região como a Amazônia, mais pobre em recursos humanos e menos fiscalizada, os abusos se multiplicam. Não se passa uma semana sem que sejamos informados sobre embarcações fluviais que naufragam, por causas intrínsecas ou por excesso de passageiros e cargas embarcados. Não se tem notícia de punições para os responsáveis. O controle do tráfego aéreo ali também é mais precário. E a recente queda de um táxi aéreo no Rio Manacapuru, perto de Manaus, não é o primeiro desastre com esse tipo de transporte. Assinale-se que não é somente naquela região que empresas de táxi aéreo funcionam sem mínimas condições de operação, em verdadeiros voos cegos. São aviões antigos, sem boa manutenção, sem rigorosa inspeção.

No caso em questão, um avião com capacidade para transportar 20 pessoas carregava 28 e mais a carga, cujo montante de peso não estava anotado na papelada. Por sorte, ou, quem sabe, milagre, sobreviveram quatro pessoas. É evidente que algo precisa ser feito por quem está aí, eleito ou nomeado, para fazê-lo. Repetimos o que dissemos de início: o problema do controle e fiscalização do tráfego aéreo no Brasil, o drama dos controladores de vôo, a questão do overbooking, a inoperância da Anac, a incompetência e desídia de certas autoridades, tudo isso continua do mesmo tamanho de quando o ministro Nelson Jobim fez a vã promessa de resolver tudo. Cadê? Até quando teremos de viver de faz de conta neste país, que merece ser grande, não só em extensão territorial?

Voos cegos

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Um pneu de um Boeing 727-200 de carga da empresa Total estourou durante o pouso no Aeroporto Internacional Salgado Filho, na Zona Norte, às 6h de ontem (20/02). A aeronave levava correspondências, e a tripulação era formada por três pessoas. Ninguém se feriu. Depois do estouro da roda esquerda traseira, o avião, que havia partido de Guarulhos (SP), foi retirado para a lateral da pista. No local, a carga foi retirada. O motivo do problema é desconhecido e será investigado. O incidente não atrapalhou os demais pousos e as decolagens, conforme a Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária).

Susto no Salgado Filho

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Da Redação

Uma forte turbulência deixou pelo menos 40 passageiros e sete tripulantes de um Boeing 747 feridos, cerca de meia hora antes de o avião pousar em Tóquio. Cinco pessoas continuam hospitalizadas, uma delas com graves lesões no pescoço. Na aeronave, viajavam 422 pessoas.

Procedente de Manila, o voo da Northwest Arilines faria uma escala na capital japonesa antes de partir rumo a Los Angeles. De acordo com Masashi Takahashi, assessor de imprensa da companhia aérea, “o avião desceu de repente, fazendo com que os passageiros sem cinto de segurança fossem lançados de suas poltronas”.

A Northwest Airlines assegura que as luzes de aviso para usar o cinto de segurança estavam acesas quando a aeronave foi atingida pela turbulência. Masashi explicou que o piloto informou à torre de controle que duas ou três pessoas haviam se machucado. Por não saber as proporções do ocorrido, “provavelmente avaliou que um pouso de emergência não era necessário”.

O norte-americano Vicent Salazar relatou à TV CNN que o piloto realmente chegou a acender o aviso de que era necessário colocar os cintos de segurança. No entanto, ele revelou que o avião começou a se mover bruscamente, antes que os ocupantes pudessem voltar aos assentos. “As pessoas simplesmente voavam dentro da cabine do avião”, recordou. Uma passageira norte-americana de 55 anos informou ter ouvido gritos quando a turbulência começou. Ela explicou que o avião sofreu uma queda brusca, seguida de uma rápida subida que fez com que todos os que estavam sem cinto de segurança fossem arremessados para cima — alguns, inclusive, contra o teto da aeronave.

Outra passageira descreveu o momento de pânico. “Fiquei muito assustada e pensei que fosse morrer, pois meu corpo foi arremessado ao ar”, disse. Ambulâncias e carros de bombeiros já estavam no aeroporto quando o avião aterrissou, às 12h20 (0h20 no horário de Brasília). Um passageiro teve de ser removido de maca e outro, em cadeira de rodas. Agências de notícias divulgaram que na manhã de ontem um sistema de baixa pressão atmosférica fez surgirem fortes ventos e nuvens carregadas na costa leste do Japão.

Turbulência fere 40 passageiros e 7 tripulantes

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DA SUCURSAL DO RIO

A Gol fechou um acordo para pagamento de R$ 46 milhões a 45 famílias de vítimas do acidente com o voo 1907. O acidente ocorreu em setembro de 2006 e resultou na morte de 154 pessoas.

Segundo o escritório Leonardo Amarante e Advogados Associados, o acordo é um dos maiores já fechados nesta área.

O escritório afirma que a negociação foi feita em conjunto. Sete famílias já receberam R$ 11 milhões em indenização. Os primeiros acordos foram homologados no fim de dezembro e começaram a ser pagos na primeira semana de fevereiro. Os acordos das demais famílias estão entre a fase de homologação e assinatura.

Segundo o escritório, em negociações assim, a companhia faz uma proposta às famílias. Quando elas aceitam a oferta, a proposta é encaminhada para as seguradoras, responsáveis pela liberação dos recursos. O dinheiro é depositado em fundo de pagamento de indenização e destinado aos familiares após autorização da Justiça. Os acordos foram fechados na 25ª Vara Cível do Rio.

O valor da indenização varia de acordo com aspectos como idade da vítima, salário que recebia e o grau de instrução. Na prática, considera-se a remuneração recebida pela vítima e a sua expectativa de vida útil.

A Gol afirma que já fez acordos com familiares de 106 dos 154 passageiros do voo 1907. A companhia diz que não divulga valores em atendimento a uma solicitação de confidencialidade feita pelas famílias.

Para Claudio Candiota, presidente da Andep (Associação Nacional em Defesa dos Direitos dos Passageiros do Transporte Aéreo), o prazo pode ser considerado rápido para a indenização.

"Considerando a morosidade da Justiça brasileiro e o fato de que o acidente completará três anos em setembro, é possível dizer que foi rápido. Os acidentes são consequência da desordem que tomou conta do setor e nada foi feito para alterar o quadro."

Segundo especialistas, a mobilização das famílias das vítimas é fator essencial para estimular não só a indenização, como a busca dos responsáveis pelos acidentes. Para Dario Scott, presidente da Associação das Famílias e Amigos das Vítimas do Voo 3054 da TAM, a indenização é uma questão individual e cabe a cada família decidir de que forma pretende entrar na Justiça.

O acidente da TAM ocorreu em julho de 2007 e resultou na morte de 199 pessoas. "Continuamos organizados. O que nos interessa é acabar com a impunidade", disse. A Folha não conseguiu contato com a Associação dos Parentes e Amigos das Vítimas do Voo 1907.

Gol vai pagar indenização de R$ 46 milhões para famílias

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26 fevereiro 2009



Virginia Silveira, de São José dos Campos

"O governo brasileiro poderia usar o seu poder de compra para estabilizar a situação econômica de empresas de caráter estratégico, como a Embraer, a exemplo do que ocorre em países como Estados Unidos", diz um executivo da indústria aeroespacial com grande conhecimento das operações da fabricante de jatos brasileira. Segundo ele, cerca de 60% da receita da Boeing vem de compras realizadas pelo governo americano.

O executivo comenta ainda que a falta de capacidade do governo em manter um fluxo de encomendas regular a médio e longo prazos, compatível com o risco empresarial envolvido nesse tipo de atividade, é responsável hoje por grande parte das dificuldades enfrentadas pela maioria das indústrias do setor. "A redução do risco ao empreendimento e a criação de escala na produção dos aviões Bandeirante foi fundamental para que a Embraer tivesse a dimensão atual no mercado internacional", comentou o executivo.

A área de defesa da Embraer, onde se concentra grande parte das compras do governo brasileiro, representa 8,8% do faturamento da companhia. Entre os projetos em vigor está o da modernização de 46 aviões F-5, feito em parceria com a empresa israelense Elbit, e do caça subsônico AMX, que soma mais 53 aviões. A Força Aérea Brasileira (FAB) tem ainda com a Embraer um contrato de produção de 99 aviões de treinamento Super Tucano. No total, os três projetos estão avaliados em cerca de US$ 1 bilhão.

No segmento de defesa, a Embraer ainda disputa no Brasil contratos de peso, como o do projeto F-X2, que prevê a compra de 36 caças supersônicos. Recentemente, o comandante da Aeronáutica revelou, em entrevista para a imprensa, que negocia a compra de mais oito aviões C-105 Amazonas da empresa europeia EADS-CASA. A FAB já iniciou a operação de oito desses aviões em Manaus (AM) e quatro em Campo Grande (MS). O contrato foi assinado em 2005 e o valor é superior a US$ 700 milhões.

Os planos do avião cargueiro C-390, segundo fontes do setor aeroespacial, só vingará se o governo tiver uma decisão firme de comprar o projeto, incluindo o seu desenvolvimento e a compra propriamente dita das aeronaves. A partir daí, o programa teria mais condições de decolar no mercado mundial, estimado em cerca de US$ 13 bilhões.

Para o sócio-diretor da empresa Aeronáutica Graúna, Urbano Cícero de Fleury Araújo, a principal dificuldade das empresas do setor e com grande dependência das encomendas da Embraer, é a falta de capital de giro.

"A solução imediata para esse momento de extrema aflição seria a liberação de crédito via BNDES, o que permitiria que as empresas tivessem capital de giro para superar as dificuldades", disse Araújo.

Especializada em usinagem de peças, a Graúna demitiu 60 dos seus 400 funcionários em dezembro. Fornecedora de serviços de usinagem para todos os aviões da Embraer, a empresa já previa uma queda brusca na produção desde o fim de 2008 e se antecipou em cortar custos. O executivo não confirmou se a empresa faria novas reduções de mão-de-obra.

Outro problema que também poderia ser resolvido pelo governo para amenizar a situação da Embraer, segundo um executivo com grande experiência na empresa, está relacionado à carga tributária incidente sobre os aviões. "Os impostos representam cerca de 27% do valor do avião para aéreas que compram no Brasil. Isso acaba inviabilizando a compra de aeronaves da Embraer pelas companhias de aviação brasileiras", afirmou.

As empresas do ramo aeroespacial, ainda segundo a fonte, precisam muito do apoio do governo para sobreviver e serem estáveis. "Diante de uma crise na aviação mundial, que é cíclica e sempre pode ocorrer, o que salva são os pedidos do governo na área de defesa. É assim com a Boeing e com a Lockheed. Esta última, por exemplo, vive dos contratos na área de defesa."

Apenas ontem, as ações da Embraer na Bovespa caíram 11,08%. Desde a véspera das demissões, dia 19, a queda já soma 19,03%.

Concorrentes são favorecidas pelas encomendas dos seus governos

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Boeing 737-800 da Turkish Airlines despencou a 3km da pista de pouso, em Amsterdã, com 134 pessoas a bordo. Lama amenizou o impacto, mas o avião se partiu em três



Da Redação

Um avião de passageiros da Turquia caiu na capital holandesa, Amsterdã, quando o piloto preparava-se para pousar a aeronave. O Boeing 737-800, da Turkish Airlines, se partiu em três num campo a 3km do Aeroporto Internacional Schiphol, um dos mais movimentados da Europa. As razões da queda ainda são um mistério. Os dois pilotos morreram, assim como um aprendiz que também estava na cabine. As caixas-pretas foram encontradas.

O Boeing havia decolado do Aeroporto de Ataturk, em Istambul, com 127 passageiros e sete tripulantes. O piloto chegou a anunciar ao pessoal de bordo o começo das manobras de pouso. No entanto, de acordo com sobreviventes, a aeronave perdeu força subitamente e despencou. Alguns suspeitam que ela tenha entrado em uma zona de vácuo. O acidente ocorreu às 10h31 (6h31 em Brasília).

O número de feridos chegou a 84, sendo que 25 estão em estado grave e seis em situação crítica. Ineke van der Zande, porta-voz dos serviços de emergência holandeses, contou que os feridos foram levados em 60 ambulâncias para 11 hospitais. A maior parte das vítimas é turca. Enquanto a Turkish Airlines ainda conferia a lista de passageiros do voo TK1951, fontes da aviação turca revelaram que havia cerca de 50 estrangeiros no avião.

Kerem Uzel, um dos sobreviventes, disse à rede de televisão NTV, da Turquia, que pouco depois de o piloto anunciar o começo da aterrissagem, a uma altitude de cerca de 600m, o pânico tomou conta da aeronave. “Repentinamente, descemos muito, como se tivéssemos entrado numa área de turbulência. A parte traseira do Boeing atingiu o chão e deslizou até o campo”, declarou. Por pouco o avião não atingiu a autoestrada A9.

Lama milagrosa

A tragédia só não foi maior porque a queda ocorreu em uma área coberta de lama, o que amenizou o impacto e contribuiu para evitar explosões. Binali Yildirim, ministro dos Transportes da Turquia, disse que o número baixo de vítimas é um “milagre”. Outro sobrevivente, Huseyin Sumer, contou à NTV que escapou arrastando-se por uma rachadura na fuselagem. “Ninguém entendeu o que houve. Alguns passageiros gritaram aterrorizados, mas tudo aconteceu rapidamente.” Segundo ele, o pesadelo durou não mais de 10 segundos.

Uma turbina quase intacta parou perto do Boeing, e outra foi localizada a cerca de 200m. No momento da queda, havia uma fraca neblina e pouco vento. A visibilidade era boa. Candan Karlitekin, presidente da junta diretiva da companhia aérea, garantiu que os documentos do avião estavam em dia, assim como a manutenção. Temel Kotil, gerente da Turkish, disse que o piloto, Hasan Tahsin, tinha ampla experiência e já havia atuado na Força Aérea.

Amsterdã é o quinto aeroporto na Europa em número de passageiros (atrás de Londres-Heathrow, Paris-Roissy, Frankfurt e Madri), com 47,7 milhões de usuários em 2007. Depois do desastre, Schiphol ficou fechado por algumas horas e foi reaberto ainda ontem. O último acidente envolvendo uma aeronave da Turkish Airlines foi registrado em 2003, quando 65 pessoas morreram no leste da Turquia.

COMEÇO DE ANO TURBULENTO

15 de janeiro de 2009

# O Airbus 320 da US Airways, em voo doméstico, teve de fazer um pouso forçado nas águas do Rio Hudson, em Nova York. Após um choque com aves, o avião perdeu dois motores. Todos os 150 passageiros e seis tripulantes da aeronave foram resgatados com vida.

7 de fevereiro de 2009

# Um avião modelo Bandeirante caiu no Rio Manacapuru, próximo à ilha de Monte Cristo, no estado do Amazonas, uma hora após a decolagem. A aeronave afundou, matando 24 pessoas, 17 da mesma família. Quatro sobreviveram.

12 de fevereiro de 2009

# O avião Bombardier Dash 8 caiu em cima de uma casa em Buffalo, no estado de Nova York. Uma das possíveis causas do acidente foi o acúmulo de gelo nas asas do avião, que despencou cerca de 245 metros em cinco segundos. As 49 pessoas a bordo da aeronave morreram, além de uma em terra.

18 de fevereiro de 2009

# Um avião AC-47 da Força Aérea colombiana caiu durante missão de treinamento no município de La Dorada, departamento de Caldas, no centro do país. A aeronave ficou totalmente destruída, e as cinco pessoas que nela estavam morreram.

Queda misteriosa mata nove

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As ações ordinárias da Embraer caíram 11,08%, por receio de que o governo possa reagir à demissão de 4,2 mil funcionários, por meio do BNDES, e à revisão, para baixo, das projeções de receita e investimentos.

Ordinárias da Embraer despencam

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Alberto Komatsu

A insatisfação do governo com a demissão de 4,2 mil trabalhadores da Embraer não deverá prejudicar o financiamento que a Azul Linhas Aéreas está negociando com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a aquisição de quatro jatos da fabricante brasileira.

A avaliação é do diretor de Relações Institucionais da companhia, Adalberto Febeliano. "Isso não faz nenhum sentido. Não é à base de represálias que vai se resolver essa questão. Todos os fabricantes de aeronaves estão sentindo a crise, com adiamento de entregas e cancelamentos", disse Febeliano. O executivo não estimou a quantia pleiteada e diz que o agente financeiro de dois dos aviões deverá ser o Banco do Brasil. Seria uma forma de diluir o risco da operação liderada pelo BNDES, disse.

Além das quatro aeronaves que deverão ser financiadas pelo BNDES, Febeliano conta que a Azul negocia um financiamento externo para uma quinta aeronave. Uma fonte do setor afirma que se trata de um banco alemão. Segundo essa pessoa, o fato de a Azul estar procurando uma fonte de financiamento externo para financiar uma aeronave, em vez de optar pelo BNDES, é uma estratégia para a empresa não ter alta dependência de apenas uma fonte de financiamento.

Febeliano afirma que a frota da Azul em 2009 poderá ser menor do que a inicialmente planejada: 14 aeronaves, em vez de 16.

Para a Azul, crédito do BNDES não será afetado

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Presidente faz apelo à empresa para compensar trabalhadores dispensados



Chico de Gois e Ronaldo D"Ercole


BRASÍLIA e SÃO PAULO. Após uma reunião de uma hora e meia com a diretoria da Embraer, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que na semana passada se disse indignado com a demissão de 4.200 funcionários, desistiu de pedir para a companhia reavaliar os desligamentos. Solicitou apenas que a empresa estude alguma maneira de compensar melhor os demitidos. Participaram da reunião, além de Lula, os ministros da Casa Civil, Dilma Rousseff; do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Miguel Jorge; da Fazenda, Guido Mantega; o presidente do BNDES, Luciano Coutinho; e quatro diretores da Embraer.

O presidente da Embraer, Frederico Curado, explicou a Lula que o que levou a empresa a tomar essa medida foi o corte de encomendas do exterior, estimado em 30%. A Embraer tinha inicialmente uma previsão de receita, para 2009, de US$67,5 bilhões. Ele se disse pessimista e estimou que o mercado só voltará ao normal num prazo de dois a três anos:

- O que causou essas demissões foi uma significativa redução da demanda de aviões que se deu fora do Brasil. O problema não está na empresa e não está no Brasil; está fora do Brasil, onde nós temos mais de 90% da nossa receita. Então, efetivamente, o que nos levou a fazer essa medida drástica foi a forte retração do mercado de aviação internacional.

Curado disse que as demissões só serão revistas se os pedidos forem retomados. Ele esclareceu ainda que não informou a Lula antecipadamente sobre as demissões.

- Nós só comunicamos o governo na véspera de acontecer. Não houve nenhuma discussão prévia com o governo federal - disse, informando que Lula pediu que a empresa tente compensar os demitidos com algum benefício extra.

Ele negou que a companhia tenha sido irresponsável por demitir 4.200 funcionários sem comunicar previamente o governo. Curado disse que não estão nos planos da empresa novas demissões.

- O presidente está muito pesaroso com essa situação e solicitou que nós avaliássemos algum apoio adicional às pessoas que foram demitidas, e nós vamos analisar isso.

Segundo Curado, não havia outra saída para a empresa exceto as demissões:

- Férias coletivas não seriam possíveis, porque isso é para uma visão de curto prazo.

O ministro Miguel Jorge disse que Lula se convenceu dos argumentos da Embraer.

- Após as explicações muito detalhadas, o presidente não pediu que fossem recontratados os 4.200 funcionários, porque entendeu perfeitamente que era uma questão de demanda - disse o ministro.

Sindicato entra com ação no Tribunal e marca protestos

O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos entra hoje com uma ação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), na qual questiona a legalidade das 4.200 demissões na Embraer.

Também foi programada uma grande manifestação amanhã em frente à fábrica da Embraer, com líderes de várias centrais sindicais. Já o Ministério Público do Trabalho (MPT) em São José dos Campos também convocou a direção da Embraer para uma audiência na próxima segunda-feira, em que cobrará explicações para a demissão de 20% de sua força de trabalho.

Lula reúne diretores da Embraer e desiste de pedir para rever demissões

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25 fevereiro 2009

Évora, 20 Fev (Lusa) - O presidente da Câmara de Évora, José Ernesto Oliveira, mostrou-se hoje confiante na concretização na cidade do investimento da empresa brasileira de aeronáutica Embraer, considerando que “não há razões para alarme”.

“Os sinais que temos são de grande entusiasmo e interesse no projecto, que continua a seguir os seus trâmites normais, aproximando-se cada vez mais da concretização”, garantiu hoje o autarca, em declarações à agência Lusa.

José Ernesto Oliveira reagia ao anúncio de despedimentos na Embraer, que, em comunicado divulgado quinta-feira, revelou a intenção de reduzir em 20 por cento os seus efectivos, mais de 4.000 trabalhadores, devido “à crise sem precedentes que afecta a economia mundial”.

Manifestando-se optimista no avanço do projecto de construção de duas fábricas em Évora, o presidente do município alentejano recordou que o vice-presidente da Embraer e presidente do grupo na Europa, Luiz Fuchs, esteve “esta semana” em Évora.

Contudo, o autarca considerou que “a crise internacional que se vive não pode deixar ninguém descansado, isso seria perfeitamente irresponsável”.

“Este anúncio (de despedimentos) refere-se mais àquela que é a fase difícil que o mercado atravessa, também nesta área, mas mais dirigido para o sector produtivo”, disse.

José Ernesto Oliveira reiterou que o projecto de Évora é considerado pela Embraer como um “investimento estratégico, que visa aumentar a competitividade da empresa”.

“Quando a Embraer de Évora estiver a produzir, espero bem que os efeitos da crise já tenham sido atenuados, aliás, é essa a expectativa da empresa, por isso, não há razões para alarme”, afirmou.

Os investimentos da Embraer em Portugal foram anunciados durante a última cimeira da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), na presença do Presidente do Brasil, Lula da Silva, e do primeiro-ministro, José Sócrates.

As fábricas da empresa brasileira em Évora, uma de estruturas metálicas para a produção de aeronaves e outra para materiais compósitos, mais leves e mais resistentes, vão ocupar 30 hectares do futuro parque industrial aeronáutico da cidade, devendo as obras arrancar até ao Verão deste ano.

Os contratos de investimento, aprovados pelo Governo Português em Setembro de 2008, estão avaliados em 170 milhões de euros e projectam a criação de 570 postos de trabalho.

A Embraer é a segunda maior empresa exportadora do Brasil e, no seu sector de produção, já construiu mais de quatro mil aviões, que operam em cerca de 70 países dos cinco continentes.

Embraer demite mais de 4 mil no Brasil, mas contratará 570 em Portugal

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A Embraer entregou hoje o primeiro jato Embraer 170 para a Fuji Dream Airlines, do Japão, uma empresa do Grupo Suzuyo. A companhia aérea encomendou também outro Embraer 170, cuja entrega está programada para este ano. “O início das entregas a um novo cliente é sempre um desafio para nós. No caso específico da Fuji Dream é mais do que isso, pois estamos participando do nascimento de uma nova companhia aérea em um mercado altamente competitivo e exigente como o doJapão”, afirmou Mauro Kern, vice-presidenteeExecutivo da Embraer para o Mercado de Aviação Comercial. “Temos orgulho de fazer parte desta iniciativa de negócios liderada por uma empresa aérea vibrante como a Fuji Dream.”

Este Embraer 170 da Fuji Dream acomoda confortavelmente 76 passageiros em classe única e operará a partir do Aeroporto Monte Fuji Shizuoka, no centro do Japão.

O Embraer 170, juntamente com o Embraer 175, o Embraer 190 e o Embraer 195,constituem a família dos E-Jets, que possuía 876 pedidos firmes e 810 opções em 31 de dezembro de 2008. Com mais de 500 aeronaves entregues, os E-Jets ultrapassaram 2,4 milhões de horas de vôo, transportando mais de 100 milhões de passageiros.

Perfil do Grupo Suzuyo - O Grupo Suzuyo iniciou suas atividades em 1801, no porto de Shimizu, localizado no centro do Japão. A companhia expandiu seus negócios, adaptando-se às mudanças, e agora possui mais de 130 empresas afiliadas. As atividades do grupo incluem uma malha logística que cobre o Japão, América do Norte, Europa e sudeste da Ásia, negociação e venda de energia, produtos alimentícios, construção e manutenção predial, bem como Tecnologia da Informação (TI), desenvolvimento regional, recursos humanos e outros serviços.

Como empresa-cidadã, o Grupo Suzuyo também está envolvido em atividades sociais e financia projetos de educação, cultura e bem-estar, incluindo a gestão de uma universidade científica e tecnológica e o patrocínio de um time de futebol profissional do Japão, o Shimizu S-Pulse.

A Fuji Dream Airlines foi criada em junho de 2008 para ser o braço de transporte aéreo do Grupo. Ao entrar no negócio de aviação, desenvolvendo a conveniência do Aeroporto Monte Fuji Shizuoka, o Grupo Suzuyo contribui para o desenvolvimento econômico de Shizuoka.

Sobre a Família Embraer 170/190 de E-Jets - A família Embraer 170/190 de E-Jets é composta por quatro jatos comerciais com 70 a 122 assentos, fruto de um projeto de engenharia avançado que apresenta desempenho destacado, grande economia operacional, baixo nível de emissão de poluentes e uma ampla cabine.

Os E-Jets têm velocidade de cruzeiro máxima de Mach 0,82, voam a uma altitude de até 12.497 metros (41.000 pés) e possuem alcance de 4.400 km (2.400 milhas náuticas). O alto grau de comunalidade entre as quatro aeronaves – Embraer 170, Embraer 175, Embraer 190 e Embraer 195 – resulta em excepcional redução nos custos de treinamento, manutenção e peças de reposição para os operadores. Outro destaque é o emprego da moderna tecnologia fly-by-wire, que aumenta a segurança operacional e reduz a carga de trabalho dos pilotos e o consumo de combustível.

A família de jatos Embraer 170/190 oferece conforto superior com o projeto da fuselagem em dupla-bolha, que inclui duas entradas principais para passageiros e duas portas de serviço, que minimizam o tempo de permanência em solo. Os E-Jets oferecem muito mais espaço ao passageiro que qualquer outra aeronave de tamanho equivalente.

Fuji Dream Airlines recebe primeiro E-170

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Elio Gaspari

Há uma semana, diante da notícia do massacre da Embraer, no qual foram destruídos quatro mil empregos, Lula indignou-se. Segundo a narrativa de sindicalistas que estavam com ele, Nosso Guia teria dito: "É um absurdo que uma empresa que recebeu recursos do BNDES ao longo dos últimos anos, ao primeiro sinal de problemas, promova este enorme corte, sem uma única conversa com alguém do governo, sem nos procurar."

De duas uma: Lula está fazendo teatro (a melhor hipótese) ou disse a verdade, revelando que não tem ideia do que acontece no país e no seu governo. Pior: seus ministros do Trabalho, do Desenvolvimento e da Fazenda também não.

A informação de que a Embraer pretendia demitir quatro mil funcionários era pública desde dezembro do ano passado. Foi revelada pelo repórter Julio Ottoboni, referindo-se a um boletim interno da empresa. Ottoboni informou o tamanho da carnificina, "quatro mil funcionários", e a época, o início de 2009. Lula e seus ministros podem dizer que não leem jornal, mas a informação constou da sinopse que a Radiobrás organiza diariamente.

Os sindicalistas de São José dos Campos sabiam do plano da Embraer e dizem que tentaram negociar com a empresa mecanismos semelhantes aos que têm protegido milhares de empregos. José Lopes Feijoó, da executiva da CUT, contou que a Embraer chegou a marcar um encontro com o ministro Guido Mantega, mas não apareceu. Discutiriam a qualidade dos sambas-enredo das escolas?

Quem diz que foi surpreendido ofende quem lhes dá crédito. Com o tempo vai-se saber quem conversou com quem. Por enquanto, fica a possibilidade de ter havido um acordo tácito: a Embraer faz o massacre, eu digo que não sabia, falo mal de seus diretores durante uma semana e depois voltamos às práticas de sempre.

Que práticas? Desde o tempo dos generais a Embraer é uma queridinha do palácio. Se o presidente precisa de um cenário para bombar os avanços tecnológicos de seu governo, marca um evento em São José dos Campos e aparece na foto ao lado de jatos, robôs e máquinas fantásticas.

Quando o tucanato precisou bombar sua publicidade, os marqueteiros selecionaram um plantel de bemsucedidos para ilustrar anúncios pelo Brasil afora. Na lista, o presidente da Embraer.

A intimidade do Planalto com a Embraer chegou ao apogeu em 2004, quando Nosso Guia encomendou o AeroLula à empresa europeia Airbus, ao preço de US$56,7 milhões. Presidindo um país onde funcionava a quarta maior fábrica de aviões do mundo, teria sido razoável encaminhar o pedido à Embraer. Empregaria 400 pessoas durante seis meses. Segundo o Planalto, o Airbus era essencial porque sua autonomia permitia voos diretos até Paris ou Nova York. Considerando que esses trajetos não são frequentes, ficava pelo menos a dúvida. Ela foi desfeita pela Embraer, que se apressou em respaldar a decisão, informando que não produzia o tipo de avião pedido, nem pretendia fazê-lo nos próximos cinco anos. Caso raro de empresa amparando uma preferência pelo concorrente.

George Bush e Henry Paulson, seu secretário do Tesouro, fizeram muitas besteiras, mas nunca lhes passou pela cabeça armar um jogo ao fim do qual pudessem dizer que não sabiam que o banco Lehman Brothers estava quebrado.

O massacre da Embraer foi morte anunciada

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22 fevereiro 2009

Para sobreviver, as empresas aéreas seguem cortando custos. Azar do passageiro


Thiago Cid

Quando a equipe de comissários de bordo anuncia pelo sistema de som a ordem para que os passageiros apertem os cintos, ela pode estar sugerindo algo mais que um mero procedimento de segurança. Salvo raríssimas exceções, as empresas aéreas, em qualquer lugar do mundo, têm pressionado os clientes para pagar cada vez mais por serviços cada vez mais espartanos. Poltronas apertadas, tarifas extras para despachar a bagagem ou carregá-la a bordo, refeições sem sabor nem substância são alguns dos procedimentos-padrão dos tempos atuais. Mas as companhias têm suas próprias justificativas para agir assim. O setor é tradicionalmente um dos mais deficitários da economia – e cortar custos é um imperativo para sobreviver. A turbulência é constante. De 1978 para cá, 183 companhias aéreas pediram falência nos Estados Unidos. No mundo, 27 deixaram de operar apenas em 2008, ano em que as empresas viram seu valor de mercado, negociado em Bolsas de Valores, cair pela metade. O prejuízo do setor foi de US$ 5 bilhões.

Há três motivos para a agrura financeira do setor: a redução do número de passageiros e da quantidade de carga transportada, o encolhimento do crédito e a oscilação do preço do petróleo. Com menos dinheiro no bolso, as pessoas – sobretudo na Europa, Ásia e América do Norte – estão cancelando as viagens, em especial as internacionais. Embora o número de passageiros tenha crescido 1,8% em 2008, os índices passaram a cair após o agravamento da crise, em outubro. Em dezembro, a redução de passageiros foi de 4,6%. Um outro termômetro do setor, o transporte de cargas encerrou o ano com queda de 4%. Em dezembro, a derrocada foi de 22,6%.

A alta no preço do petróleo provocou um rombo nas contas das empresas no primeiro semestre de 2008, quando o barril chegou a US$ 147. A queda para os US$ 40 atuais não foi capaz de amenizar os prejuízos, já que muitas companhias realizaram negócios no mercado futuro e terão de pagar preços elevados. É o que diz um relatório da International Air Transportation Association (Iata), entidade que reúne 230 companhias aéreas de todo o mundo. Steve Lott, porta-voz da Iata, afirma que o momento é o pior da história para o setor. “Quem não melhorar a eficiência vai ter um péssimo ano. Podemos ter muitas falências.”

O que fazer para melhorar a eficiência sem, obviamente, comprometer a segurança? As empresas low-cost (baixo custo, em inglês) parecem ter o plano de voo mais adequado: aumentar o número de voos de cada aeronave por dia, reduzir o tempo de permanência em solo, cobrar pelos lanchinhos e por bagagens extras. Uma iniciativa da companhia inglesa Ryanair está provocando polêmica. Qualquer bagagem extra de mão – até mesmo uma sacolinha do free shop – será taxada em 30 euros, ou aproximadamente R$ 80. Algumas empresas europeias estão cobrando mais pelos assentos no corredor. “É uma maneira de lucrar, já que esses lugares têm fácil acesso aos banheiros e permitem ao passageiro esticar as pernas”, diz Respício do Espírito Santo, professor de transportes aéreos da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Outra estratégia é apostar nas rotas domésticas, fora dos eixos principais. No Brasil, a tática está sendo adotada pela Azul. A companhia estreou no mercado no meio de dezembro e oferece tarifas menores que R$ 100 para trechos entre Campinas e outras cidades como Salvador, Curitiba e Vitória. “Queremos atrair com preços baixos os passageiros que tomavam ônibus”, afirma o fundador da Azul, David Neeleman.

Um mercado em que o prejuízo é crônico

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Passageiros atarantados nos aeroportos, passagens caras, acidentes constantes. É possível dizer que a aviação brasileira está melhor?


Celso Masson e Andres Vera

Com Murilo Ramos

Nos últimos dois anos, a aviação civil brasileira passou por mudanças bruscas de rota. Dois acidentes aéreos em um curto espaço de tempo colocaram o país no nada invejável topo do ranking mundial em número de vítimas. Com filas imensas nos aeroportos e atrasos acima de 50% nas decolagens, a recém-criada Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) perdeu credibilidade. Sua cúpula foi destituída em meio a denúncias de incompetência e corrupção. Também foram substituídos o ministro da Defesa e o presidente da Infraero, a estatal que cuida da manutenção dos principais aeroportos do país. Com tantas mudanças, era de esperar que parte do caos fosse resolvida. Na semana passada, a queda de um avião Bandeirante com 28 pessoas a bordo, num afluente do Rio Solimões, no Amazonas, evidenciou alguns dos graves problemas que a aviação brasileira ainda enfrenta. O que é necessário para acertar o rumo?

O Bandeirante, projetado para levar 19 passageiros e dois tripulantes, estava superlotado. Como sua decolagem pôde ser autorizada? Dois dias depois do acidente, a Anac anunciou que faria uma inspeção na Manaus Aerotáxi, empresa que havia fretado o avião. Segundo a Anac, durante a fiscalização anterior, feita em outubro, não foi encontrada nenhuma irregularidade nas seis aeronaves da empresa. Mas os relatos de sobreviventes – quatro pessoas deixaram o avião com vida – descrevem uma situação de aparente falha mecânica. Dos 24 mortos, 18 eram de uma mesma família. Sete crianças morreram.

Acidentes aéreos acontecem. Segundo o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), em 2008, 57 pessoas morreram em 24 acidentes aéreos no Brasil (houve outros 79 acidentes sem mortes). O número é bem menor que o dos dois anos anteriores. Em 2006, quando houve a colisão de um Boeing da Gol com um jato Legacy, o Cenipa registrou 215 vítimas. Em 2007, com a queda do Airbus da TAM, a maior tragédia da história da aviação brasileira, o total de mortes subiu para 270. Parece insignificante, se comparado às cerca de 36 mil mortes que o trânsito brasileiro provoca por ano ou aos 112 milhões de passageiros que, segundo a Infraero, embarcaram e desembarcaram nos aeroportos brasileiros no ano passado, em voos domésticos (99 milhões) e internacionais (13 milhões). Mas acidentes são o resultado de uma combinação de fatores, e prevenir que eles concorram para uma tragédia é obrigação dos órgãos públicos que controlam a aviação e das companhias que operam linhas aéreas.

Pelas evidências que se tem até agora, o acidente da semana passada permite suspeitar de que essas obrigações não foram inteiramente cumpridas. Na Amazônia, voar ainda envolve um grau de risco elevado.

O Bandeirante da Manaus Aerotáxi caiu a menos de 20 minutos do local onde deveria ter pousado. Sem mencionar nenhum problema técnico, o piloto César Grieger avisara à torre de controle que voltaria para Coari, seu ponto de partida. Chovia forte. Minutos depois do comunicado, Grieger tentou um pouso forçado na água, a 500 metros da cabeceira de uma pista de pouso abandonada. “A hélice parou, e, daí em diante, o avião só perdeu altitude até o impacto na água”, disse a passageira Ana Lúcia Laurea, de 43 anos, uma das quatro sobreviventes. Com o choque da queda, as poltronas do avião se deslocaram para a frente, prendendo os passageiros e dificultando a saída por uma porta de emergência na parte traseira. O avião afundou no Rio Manacapuru, a uma profundidade de 6 metros.

Das 18 pessoas da família que viajava para comemorar o aniversário do empresário amazonense Omar Melo Júnior, apenas duas sobreviveram: Erick da Costa, de 23 anos, e seu irmão Yan Liberal, de 9 anos. Yan escapou porque estava sentado no colo do irmão, que conseguiu levá-lo até a porta de emergência. Outra sobrevivente, Brenda Moraes, de 21 anos, contou que os passageiros não foram avisados sobre o problema, mas que era possível perceber a agitação do piloto. Na queda, Brenda perdeu os sentidos. “Quando acordei, a água já estava na minha cintura. E foi só o tempo de tirar o cinto. Eu não conseguia enxergar nada, mas fui guiada para abrir a porta.” Ela agarrou-se a um pedaço do avião que boiava. Cinco minutos depois, pescadores da região chegaram ao local para ajudar no resgate dos sobreviventes.

O primeiro laudo sobre as causas do acidente com o Bandeirante deve ficar pronto em dez dias. Mas as conclusões definitivas poderão demorar até um ano. Como o Bandeirante não tem caixapreta, o Cenipa vai analisar componentes da aeronave e o registro de voz dos pilotos.

A Aeronáutica trabalha com uma hipótese: o avião teria sofrido uma pane numa das turbinas e, devido ao excesso de peso, perdeu sustentação e caiu, afundando rapidamente. “Os ocupantes tiveram vários traumas leves com a queda, mas a principal causa das mortes foi afogamento”, diz José Onete, diretor do Instituto Médico Legal de Manaus. “Eles não tiveram tempo de sair do avião.” A Aeronáutica também investiga se o avião voava com querosene adulterado.

O empresário Omar Melo acusa a Manaus Aerotáxi de ter vendido cinco passagens extras para o voo que levaria sua família a Manaus. Ele pretende processar a empresa. A sobrevivente Ana Lúcia Laurea disse que não voou de carona – sua passagem teria sido comprada pela Prefeitura de Coari. “É comum companhias de táxi aéreo funcionarem como companhias regulares para vender passagens extras”, disse Camilo Barros, presidente da Associação da Região Norte de Parentes e Vítimas de Acidentes Aéreos.

A Manaus Aerotáxi admite que havia mais passageiros a bordo do que o limite estipulado pelo fabricante. Mas se defende, afirmando que o peso das crianças de colo não seria suficiente para exceder os 5,7 toneladas que o Bandeirante pode transportar. Havia, no entanto, crianças grandes viajando no colo de adultos, como o sobrevivente Yan, de 9 anos. “A Manaus Aerotáxi cobra um valor fechado pelo fretamento e não ganharia nada infringindo a segurança para colocar mais passageiros dentro do avião”, diz Paulo Roberto Pereira, porta-voz da empresa. A Anac permite um acréscimo de 30% de passageiros, desde que sejam crianças com no máximo 2 anos de idade. O sobrepeso pode não ter derrubado o avião, mas pode ter dificultado o pouso forçado após a pane em um dos motores.

O presidente do Sindicato dos Aeroviários do Amazonas, Jorge Negreiros, afirma que se reuniu em outubro com o piloto César Grieger e outros quatro comandantes para ouvir reclamações sobre as condições de manutenção da Manaus Aerotáxi. “Os pilotos acabam aceitando as regras do jogo e colocando mais pessoas no avião para não desagradar à empresa e não perder o emprego”, diz Negreiros. O Sindicato dos Aeroviários do Amazonas registra uma média mensal de dez denúncias contra as companhias aéreas. Metade delas se refere a questões de segurança. Falta de fiscalização, pouca manutenção, excesso de carga e canibalização de peças estão entre os principais problemas.

Três dias depois do acidente com o avião da Manaus Aerotáxi, o diretor do Departamento Aeroportuário de Coari, Eufrázio Azevedo Filho, admitiu em uma entrevista que o aeroporto da cidade, administrado pela Prefeitura, não exercia nenhuma fiscalização sobre as aeronaves locais. O próprio aeroporto de Coari havia sido interditado por autoridades da Aeronáutica em 2006. “Aqui não adianta o piloto ou o empresário fazer tudo direito, porque você pode ter uma surpresa ruim quando pousar num aeroporto em condição precária”, disse a ÉPOCA um piloto de Manaus que pediu anonimato. Esse piloto perdeu a primeira mulher em um acidente aéreo.

“O principal objetivo da Agência Nacional de Aviação Civil é melhorar a segurança”, diz Marcelo Guaranys, diretor da Superintendência de Serviços Técnicos e Relacionamento com o Usuário da Anac. A segurança é a questão central da aviação e implica em investimento direto do Estado, que fiscaliza pilotos, aeronaves e companhias, além de controlar o tráfego aéreo. Por isso, é assustador o resultado preliminar do programa de fiscalização Decolagem Certa, criado pela Anac em abril de 2008.

Até janeiro deste ano, a Anac registrou 1.559 situações em que o piloto estava com habilitação irregular. A média é de cinco ocorrências por dia. O programa constatou que em 2.455 ocasiões as aeronaves fiscalizadas estavam com a Inspeção Anual de Manutenção vencida. Mesmo assim, apenas 256 autos de infração foram lavrados. Ainda que todos esses casos sejam restritos ao que se chama “aviação geral” (que inclui aviões executivos e os usados na agricultura), é alarmante. Afinal, os pilotos dessas aeronaves cruzam o mesmo espaço aéreo por onde circulam aviões de carreira, com centenas de passageiros a bordo. O acidente com o Boeing da Gol, em que 154 pessoas morreram, foi causado pela colisão, em plena rota, com um jato executivo que voava em sentido contrário, na mesma altitude.

“Todas as aeronaves e pilotos precisam ser fiscalizados”, diz Guaranys. Mas, como é impossível verificar pessoalmente cada aeronave antes da decolagem, isso é feito de forma estatística, a partir da análise de dados fornecidos pelos aeroportos.

Além da segurança, a aviação brasileira enfrenta a baixa qualidade dos serviços prestados aos passageiros. Não é uma exclusividade do Brasil. Atrasos e cancelamentos de voos decorrem da explosão da demanda pelo transporte aéreo no mundo inteiro. No Brasil, porém, o desrespeito para com o passageiro ganhou nome e sobrenome: “caos aéreo”.

Sua aparição se deu logo após o acidente com o avião da Gol, em 2006. Começou com um movimento dos controladores de voo, revoltados com as condições de trabalho a que eram submetidos, e agravou-se por conta do overbooking (a venda de passagens em número superior à capacidade dos aviões, na previsão de que parte dos passageiros não comparecerá ao embarque) praticado pela TAM na véspera do Natal – justamente quando os atrasos e cancelamentos bateram recordes. O caos voltou a atacar no fim do ano passado, daquela vez tendo como vilã a Gol. No dia 20 de dezembro de 2008, a empresa chegou a registrar 60% de atraso em seus voos – o triplo do considerado aceitável pela Anac.

Em nota, a Gol atribuiu os atrasos a problemas com o “sistema” da companhia nos dias 20 e 21 de dezembro. O mau tempo também teria prejudicado a pontualidade nos dias seguintes, segundo o comunicado da empresa. A Anac obrigou a Gol, então, a reforçar o atendimento aos passageiros nos horários de pico nos principais aeroportos do país. Mas o resultado não aliviou o transtorno para quem estava em terra. A porcentagem de voos atrasados nos aeroportos brasileiros em dezembro voltou a um patamar próximo do recorde anterior: 40%, contra 51% um ano antes. Em Brasília, a taxa foi ainda mais alta que em 2007, com 67% das partidas tendo saído com mais de 30 minutos de atraso. Apesar do esforço da Anac para reduzir os índices, a novela dos aeroportos teimava em manter os passageiros no chão.

Foi numa tentativa de evitar a permanência do caos aéreo que o presidente Lula nomeou Nelson Jobim para o Ministério da Defesa. Ele assumiu a pasta em meio a uma crise institucional do setor. Seu primeiro diagnóstico listou problemas que iam da falta de credibilidade da Anac à baixa concorrência entre as empresas, cujas tarifas eram mantidas altas por acordos e falta de competição. Como a gravidade da situação exigia atitudes enérgicas, Jobim foi enfático já no discurso de posse, em agosto de 2007:

“Aja ou saia, faça ou vá embora”, afirmou.

Na CPI do Apagão Aéreo no Senado, o ministro afirmou que, para atender às determinações de segurança nos voos, as empresas aéreas seriam obrigadas a levar menos passageiros, reduzindo o número de poltronas e aumentando o espaço entre elas. “Já determinei à Anac a recomposição desse ‘espaço vital’, de forma que se respeite o usuário, e não o interesse exclusivo da empresa.” Num esforço ainda maior para mostrar que estava do lado dos passageiros, ele anunciou que a Anac aplicaria multas pesadas para punir atrasos.

Hoje, o discurso é bem mais ameno. A assessoria do ministro afirma que uma primeira proposta de projeto de lei que proteja os passageiros dos abusos das empresas no quesito pontualidade está em análise pela Casa Civil, em conjunto com os órgãos de defesa do consumidor.

De acordo com o ex-presidente da Infraero Sérgio Gaudenzi, a situação da aviação brasileira é bem melhor que em 2006. “Não se veem mais passageiros pulando balcões para botar o dedo na cara dos atendentes das empresas aéreas”, diz Gaudenzi. “E os atrasos, apesar de existirem, estão em níveis muito mais civilizados.” O passo que ainda falta dar, segundo Gaudenzi, é criar mecanismos que permitam punir as empresas que desrespeitam o consumidor. “É preciso dar um tranco. É preciso ser mais enérgico. As empresas não podem fazer os passageiros esperar muito”, diz.

Um obstáculo à melhoria da qualidade do serviço prestado é o duopólio TAM-Gol. As duas grandes empresas que dominam o setor se acomodaram por não ter de se esforçar para atrair passageiros. Um exemplo: o passageiro que compra pela TAM um voo São Paulo-Miami-São Paulo paga US$ 1.118. Se esse mesmo passageiro comprar pela TAM um voo Miami-São Paulo-Miami, ele paga US$ 750. A diferença é de 49% para um voo com a mesma companhia, os mesmos serviços e a mesma distância.

Para mudar essa situação e permitir que o passageiro pague um preço justo pelo serviço oferecido, a Anac tem duas estratégias. A primeira é incentivar a competição, liberando o preço das passagens, tanto as internacionais quanto as domésticas. Hoje, no Brasil, as empresas têm garantido um preço mínimo.

Nem as companhias nacionais nem as estrangeiras podem oferecer passagens com grandes descontos. A medida visa coibir o dumping, a prática predatória de reduzir os preços para forçar os concorrentes a fechar as portas. As empresas aéreas estrangeiras estão ansiosas pela liberação, pois poderiam tomar parte do mercado da TAM, que voa para os Estados Unidos e a Europa. Na primeira tentativa de regulamentar a livre competição, a Anac perdeu a batalha na Justiça. Mas pretende voltar à carga e aprovar a medida dentro de dois meses. A liberação das tarifas pode provocar uma redução nos preços no curto prazo, mas analistas entendem que essa redução seria temporária, até que as empresas estrangeiras dominassem o mercado e reajustassem o valor das passagens.

A outra estratégia da Anac é fomentar a competição internamente, criando condições para que empresas hoje consideradas pequenas, como a OceanAir e a novata Azul, possam crescer. “A Azul se apresenta como uma empresa com grande potencial de crescimento no curto prazo”, diz Marcelo Guaranys, da Anac.

Enquanto o combate ao duopólio TAM-Gol está só começando, uma outra batalha ganha corpo nos bastidores da aviação: a possibilidade de abrir o capital da Infraero, a estatal que controla os aeroportos principais do país. Nos próximos dias, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) fará uma licitação para contratar a empresa de consultoria que será responsável pelo plano de reestruturação da Infraero. As primeiras avaliações da área técnica do BNDES concluíram que será necessário arrumar a casa antes de oferecer ações da estatal no mercado. Há ainda o temor de que a crise financeira espante os potenciais interessados em investir na empresa. Seja qual for o destino da Infraero, o Conselho Nacional de Desestatização já deu sinal verde para o processo de privatização de aeroportos.

Tornar a Infraero uma empresa privada traria, na visão dos defensores da ideia, recursos para modernizar e ampliar os aeroportos brasileiros. Esse pode ser um passo decisivo para acertar a rota da aviação civil brasileira. Enquanto isso não ocorre, algumas medidas simples, como as do quadro abaixo, poderiam ser adotadas para evitar acidentes como o da semana passada na Amazônia.

O que mudou depois do caos aéreo

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19 fevereiro 2009


Carina Urbanin

São Paulo - O transporte de carga aérea no Brasil crescerá 5,7% ao ano, durante os próximos 20 anos, podendo variar entre 3,9% e 7,5%, de acordo com análise divulgada pela Boeing. O analista de carga aérea da Boeing para a América Latina, Kai Heinicke, destacou que a expectativa é inferior ao da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que contabiliza a chegada e saída das mercadorias o que, segundo ele, duplica os resultados.

No mundo, as previsões da Boeing é um crescimento de 5,8% para o transporte de cargas nos próximos 20 anos, podendo variar entre 4,8% e 6,7%. Já em 2009, o segmento deve recuar, acompanhando a retração do Produto Interno Bruto (PIB) mundial previsto em 0,5%. A companhia é a maior fabricante mundial de aviões para transporte de cargas, responsável por 90% das aeronaves.

Segundo Heinicke, a previsão de maior crescimento para o setor é em relação à Ásia, com destaque para o mercado doméstico de transporte aéreo da China, que deverá crescer cerca de 10%, segundo previsão da companhia. "As transportadoras asiáticas, entretanto, apostam em um crescimento de cerca de 20%. Se isso se concretizar, o desempenho do setor será ainda melhor", disse Heinicke, completando que a produção de aviões cargueiros acompanha a demanda pelo serviço de transporte.

Carga aérea vai crescer 5,7% ao ano no Brasil

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