Por pressão das companhias aéreas, a operação do Santos Dumont, no Centro, encorpou e o fez encostar nos números do Tom Jobim: até agosto, foram 60.397 voos domésticos.
Em matéria de voos internacionais, o Tom Jobim também ficou para trás.
Até agosto, acumulou 17.636 pousos e decolagens, perdendo de lavada para Guarulhos, que teve mais do que o dobro: 49.481. A perda de espaço faz com que o Galeão tenha atualmente rotas para 32 localidades nacionais e 19 destinos internacionais — pouco para um aeroporto do seu porte.
Fichtner diz que, após analisar os custos, o estado concluiu que a concessão é suficiente para arcar com todas as adaptações necessárias ao Tom Jobim: — Nós somos os maiores entusiastas da privatização. É a melhor forma de botar o aeroporto no estado de arte em termos de serviços.
Enquanto a aeronave está voando, a função aeroportuária é de responsabilidade das autoridades públicas, mas, depois que toca o solo, não tem mais por que a União fazer isso.
Outro que está engajado na privatização é o secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes. De acordo com ele, o estado modelou o sistema adotado no Aeroporto de Cabo Frio, considerado bemsucedido.
— Apesar das diferenças de proporções, o princípio é o mesmo — diz Lopes, acrescentando que as sugestões do Rio deverão ser levado ao BNDES.
Antes de propor a privatização do Tom Jobim, Cabral esteve com representantes da Fraport, que opera o Aeroporto de Frankfurt, e da Aéroports de Paris, do Charles de Gaulle.
Apesar das dimensões generosas — são 35 esteiras de bagagens e 23 pontes de embarque —, o terminal do Galeão está longe de atender a um futuro aumento de demanda. As críticas à operação são constantes. A última, ironicamente, aconteceu no domingo passado — conforme revelou a coluna de Ancelmo Gois no GLOBO —, quando a delegação brasileira desembarcou no Rio, voltando de Copenhague.
A esteira de bagagem que brou e as pessoas tiveram que esperar mais de uma hora para pegar as malas.
A Infraero informou que a manutenção durou 20 minutos.
Contratempos assim são comuns e reclamações até sobre o mau funcionamento das rodas dos carrinhos para o transporte das malas se tornaram frequentes.
Segundo o Sindicato Nacional dos Aeroviários, as críticas mais constantes estão relacionadas à falta de manutenção e à demora nos serviços como o de raios X e check-in. A secretária-geral do sindicato, Selma Balbino, acredita que a falta de pessoal foi acentuada com a saída de 2.700 funcionários da Infraero, nos últimos meses, atraídos por um programa de demissão voluntária: — A falta de pessoal é o cerne do problema. A Infraero faz corte e não pensa no aumento da demanda. Os atrasos no raio X, por exemplo, são constantes. O turista perde muito tempo na verificação da bagagem. Tudo isso é fruto da ineficiência e de falhas na fiscalização por parte da Anac (Agência Nacional da Avião Civil).
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) do Rio, Alfredo Lopes, observa que o Tom Jobim perdeu prestígio para o Aeroporto de Guarulhos, situação que foi agravada pela transferência de voos para o Santos Dumont.
— A operação do Internacional empobreceu.
Se nada for feito, a primeira visão do turista continuará sendo a de lâmpadas queimadas, tetos escuros, dando a impressão de abandono. E serviços péssimos. No terminal novo, só há uma lanchonete no subsolo e ela não está aberta às 6h. Quem chega de madrugada não tem onde comer — diz, citando outras queixas comuns.
— A esteira ligada ao Terminal 1 frequentemente está quebrada. Se três aeronaves chegam ao mesmo tempo, só há dois funcionários da Polícia Federal para olhar os passaportes. No saguão, há de tudo, de trocador de dólares a menores engraxates.