Alex Ribeiro, de Washington - Valor
A American Airlines se candidatou a operar um vôo entre Brasília e Miami, dentro de uma consulta pública aberta pelo Departamento de Transportes dos Estados Unidos para preencher 14 frequências disponíveis entre os dois países. A Delta Airlines também fez um pedido para ampliar o seu número de voos a partir de São Paulo, mostrando o crescente apetite das empresas aéreas americanas a transportar passageiros ao Brasil, um dos mercados internacionais que mais crescem no mundo.
Se o pleito da American Airlines for aprovado, representará mais um passo na interiorização dos voos internacionais ao Brasil, que ainda são bastante concentrados em São Paulo. A Delta quer voar de São Paulo para Detroit, o que abriria mais uma porta de entrada ao Meio-Oeste dos EUA, hoje servido por voos da United para Chicago.
O Brasil é um dos mercados mais promissores para as empresas americanas. Projeções da Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) apontam um crescimento médio anual de 7% no número de passageiros transportados entre Brasil e EUA até 2030. O crescimento brasileiro vem logo atrás da China e India, que deverão apresentar expansão de 8% no período.
A proposta da American prevê voos diretos entre Brasilia e Miami quatro vezes por semana, com partidas às 9h40. A companhia também pleiteia um voo direto entre o Rio e Nova York todos os dias da semana, numa rota que hoje é operada apenas pela TAM.
A Delta quer que o Departamento de Transportes conceda cinco frequências. A companhia realocaria outras duas frequências que tem disponíveis ao Brasil para criar um voo diário entre Guarulhos e Detroit.
Os pedidos feitos pelas duas companhias, somados, dão 16 frequências, o que supera as 14 disponíveis. Os EUA estão implantando em outubro a quarta e última fase de um acordo fechado com o Brasil para expandir as frequências entre os dois países. O Departamento de Transporte deverá escolher em breve quem será atendido.
A American entregou carta ao Departamento de Transporte em que diz que o pedido da Delta não atende aos pré-requisitos da consulta pública. Nela, as companhias foram avisadas que, em virtude de restrições de infraestrutura, não há espaço disponível para pousos e decolagens no aeroporto de Guarulhos. A Delta, porém, diz ter confiança de que os limites do aeroporto serão superados. Também diz não se opor que as frequências sejam usadas temporariamente por outras empresas, desde que sejam transferidas à Delta assim que requisitadas.
" O Brasil é um mercado importante para a American porque está crescendo bastante. Basta ver como o real se fortaleceu " , diz Martha Pantin, uma porta-voz da empresa. " Não é um mercado aberto, por isso temos que nos candidatar por meio desse processo para poder servi-lo. " Hoje, a companhia opera voos para São Paulo, Rio, Salvador, Recife e Belo Horizonte.
" A ampliação dos nossos voos para a América Latina tem sido uma prioridade para a Delta " , diz Kent Landers, um porta-voz da empresa. " São Paulo é o maior mercado na América Latina, e nossa proposta é fazer uma ligação com Detroit, também um importante centro econômico, base da indústria automobilística nos EUA. " A companhia voa para Manaus, Fortaleza, Brasília, São Paulo e Rio.
A falta de capacidade no aeroporto de Guarulhos tem contribuído para desconcentrar um pouco os voos ao Brasil, que usam bastante São Paulo como portão de entrada. O crescimento econômico mais forte em outras regiões do país também estimula a procura por outros destinos. " É sempre muito caro iniciar o serviço para um novo destino " , diz Martha, da American. " Mas estamos sempre olhando para novas oportunidades, e Brasília parece ser uma delas. "
As empresas americanas também têm procurado associar-se a companhias brasileiras para distribuir passageiros dentro do país. A Delta anunciou há alguns dias acordo de " code share " (compartilhamento de voos) com a Gol. A American, que tem um acordo de milhagem com a Gol, pretende anunciar novidades na área. A Continental anunciou há algumas semanas " code share " com a TAM.