RIO – Vinte anos após o Aeroporto Internacional Tom Jobim ter sido apelidado de "queijo suíço", a segurança aérea no Rio ainda é precária. Dos 20 aeroportos, a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) controla apenas cinco e, desses, apenas dois têm equipamentos completos de fiscalização – incluindo aparelhos de raios X, semelhantes aos encontrados abandonados na semana passada no Rio – para passageiros, bagagem e carga. Um exemplo recente da fragilidade da segurança aeroportuária pode dar muita dor de cabeça num futuro próximo. Desde março, o Aeroporto Internacional de Cabo Frio, que foi municipalizado, opera um voo cargueiro, que chega uma vez por semana de Miami – uma das rotas conhecidas de contrabando de mercadorias para o Estado – , mas não tem equipamento adequado para a fiscalização de carga.
A vigilância para evitar a entrada de drogas e armas no Estado também é precária no mar. O Rio tem aproximadamente 635 quilômetros de costa e uma fiscalização deficiente: das duas lanchas da Polícia Federal, apenas uma está no mar operando. A outra está em um estaleiro para conserto e revisão de equipamentos. Na Receita Federal no Rio, as dificuldades são as mesmas: responsável pelo combate ao contrabando na Baía e no litoral do Estado, a Receita tem apenas uma lancha no Rio, mas a embarcação está parada esperando a publicação de um edital para que possa passar por revisão.
O agente da Polícia Federal Francisco Carlos Sabino, diretor de Relação do Trabalho da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), acredita que o Estado é um grande queijo suíço para ações do crime organizado. "Não tenho nada contra o atual governo federal e muito menos contra o diretor-geral da PF. Eu defendo apenas uma instituição melhor. Mas tem coisa que não dá para entender: o Rio deveria ter, no mínimo, quatro lanchas-patrulhas blindadas", afirmou.
No Rio, apenas os aeroportos Santos Dumont, no Castelo, e Internacional Tom Jobim, na Ilha, estão mais bem equipados. Mesmo assim, há críticas feitas pelos próprios funcionários da Infraero. A secretária-geral do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbino, diz que uma antiga reivindicação da categoria é que os agentes da Receita Federal e da Polícia Federal também sejam submetidos à fiscalização.
Procurada, a Infraero garantiu, através de nota oficial, que todos os aeroportos administrados pelo órgão têm equipamentos de segurança. Os aeroportos do Galeão e Santos Dumont possuem módulos completos de equipamentos de segurança: raios X, pórtico e detector manual (raquete), operados por agentes de proteção da aviação civil. Os de Jacarepaguá, Macaé e Campos possuem pórtico e detector manual.
Ainda segundo a empresa, os empregados que realizam os procedimentos de inspeção são do próprio quadro, com curso de capacitação exigido para a atividade e certificado pela Anac. A Infraero disse que era importante esclarecer que "a obrigatoriedade de módulos completos de equipamentos de segurança, segundo legislação da Anac, é apenas para aeroportos que operam com aeronaves com mais de 60 assentos".