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27 abril 2010

Céu único contra o caos coletivo

Com os 29 mil voos da Europa em operação, Espanha defende controle aéreo unificado

MADRI - O Globo

A Espanha defendeu ontem a unificação do espaço aéreo da Europa. Numa tentativa de criar alternativas capazes de evitar um novo caos aéreo no caso das imprevisíveis erupções vulcânicas — como a do vulcão islandês Eyjafjallajoekull — o governo espanhol decidiu usar sua influência à frente da presidência rotativa da União Europeia (UE) para pressionar por mudanças, e convocou uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros do Transporte do bloco para o próximo dia 4 de maio, em Bruxelas. Ontem, pela primeira vez em dez dias, todos os 29 mil voos previstos no continente operaram normalmente.

Segundo ministro dos Transportes espanhol, José Blanco, o objetivo do encontro é acelerar e concluir, em até dois anos, a implantação de um calendário visando à adoção de um novo sistema de gerenciamento do tráfego nos países do bloco.

— Esta semana mostrou a necessidade de fazermos uma reflexão conjunta para melhorar os mecanismos de atuação da Europa numa situação assim — ressaltou Blanco.

Soberania é entrave para céu aberto

Há dois anos, o espaço aéreo europeu é dividido em nove zonas distintas — sendo Espanha e Portugal os responsáveis pelas maiores áreas, devido ao grande tráfego rumo à Europa através do Oceano Atlântico. O projeto de um "céu único" prevê que, até 2012, essas zonas ganhem autonomia dos governos locais e funcionem sob a coordenação de um novo organismo, mais forte que a Eurocontrol, a agência europeia de controle de tráfego aéreo em 40 países. O objetivo é impedir que, num momento de crise, como na semana passada, haja uma nova onda de pânico e desencontros causadas por avaliações de risco distintas e ações descoordenadas dos países-membros da UE.

— O pior já passou, mas temos muito trabalho pela frente na administração da crise — disse o comissário dos Transportes da UE, Siim Kallas.

O projeto de unificação, chamado de Céu Único Europeu (SES, na sigla em inglês), na verdade, fora lançado em 1999, mas esbarrou na oposição dos membros — já que, uma vez que perdem o controle parcial de seus espaços aéreos, veem-se preocupados com questões de soberania nacional.

Os mais otimistas, no entanto, acreditam que a fusão pode reduzir até pela metade os custos de voar na Europa, além de triplicar a capacidade de tráfego aéreo e reduzir em até 10% o impacto ambiental dos voos comerciais na atmosfera.

Apesar dos 29 mil voos operando normalmente ontem, parte do espaço aéreo da Islândia e do norte da Escócia estava fechado devido à presença de cinzas no ar, o que levou à interdição de três aeroportos escoceses e dois islandeses. Os terminais recomendavam a todos os passageiros que entrassem em contato com as companhias aéreas antes de saírem de casa para pegar seus voos.

Em vários aeroportos, no entanto, passageiros que não conseguiram embarcar nos últimos dias ainda enfrentam filas de espera. Muitos também têm dificuldades para serem reembolsados pelas despesas extras durante os dias de espera.

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